quarta-feira, 16 de julho de 2008

Os cancelamentos de IPOs no Brasil

(Fonte: site da Bloomberg: http://www.bloomberg.com/)

O Brasil, que é o melhor mercado de ações nos últimos anos, tem mais companhias cancelando IPO (Initial Public Offering) do que qualquer outro país (exceto Estados Unidos). 66% das novas ações lançadas no ano passado são perdedoras no mercado.
Norse Energy do Brasil S. A., Banco Fibra, PST Eletrônica, e outras 17 companhias postergaram ou retiraram IPOs em 2008. Até maio deste ano, 3 companhias brasileiras abriram capital captando 780 milhões de reais, comparado com 59 companhias que venderam 53, 2 bilhões de reais em novas ações, em 2007.
As companhias brasileiras que abriram o capital em 2007 venderam ações com P/L de 40,6 (média). Isso comparado com 22,4 da China e 16,9 da Índia, onde as economias crescem duas vezes mais rápido do que o Brasil.
O índice Bovespa subiu 6 vezes desde o final de 2002 devido ao aumento da procura mundial pelos produtos agrícolas, minérios e aços, petróleo, à queda de juro, e ultimamente à concessão de “investment grade” pela S&P. Num mercado em ascensão, muitos IPOs são “overpriced”, disse Mark Mobius, da Templeton Asset Management. “Isso não é só verdade no Brasil, é também verdade nos outros mercados”.
Os IPOs de bancos, construtoras, imobiliárias e produtos de consumo, lançados em 2007, todos perderam para o índice Bovespa após o Banco Central aumentar o juro em abril (primeira vez em 3 anos) para frear a inflação.

P/L no lançamento Preço em 22/05/2008
(abaixo do IPO)

Iguatemi 42 - 18%
BM&F - - 8%
Açúcar Guarani 52,7 - 26%

Norse Energy do Brasil S.A. cancelou IPO de 23 milhões de ações ao preço de R$ 18 por ação, equivalente a 383 vezes o lucro por ação anunciado em 2006. “Não estamos em urgente necessidade da verba. A gente pode esperar”, disse o CFO da empresa.
Banco Fibra retirou IPO após o colapso do mercado de subprime mortgage que baixou violentamente as ações do setor financeiro no mundo inteiro. CFO do banco disse que talvez o banco procure uma venda privada de ações.
Importação, Exportação e Indústria de Óleos S.A., um produtor de óleo de soja, postergou IPO em março. CFO da empresa da família disse que investidores cautelosos aconselharam a esperar até o mercado melhorar. A empresa está vendendo “Bond” para financiar as operações e pretende lançar ações no momento oportuno.
Nos meus artigos anteriores, sempre critiquei os IPOs com P/L exagerado. Quem lançou, ficou com o dinheiro, a custo dos investidores. Quem não lançou só pode tomar a atitude de “wait and see”. Talvez os gananciosos tenham que esperar eternamente e nunca terão a oportunidade de lançar seu IPO.

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