Nos últimos dias de estadia
em Shanghai, fiquei gripado, com tosse, catarro e olhos vermelhos. Meu primo
levou-me a uma consulta médica no Hospital Universitário sem hora marcada. Um
médico jovem me atendeu, disse que eu estava com rinite, uma doença que ocorre freqüentemente
no fim do outono. Ele receitou os remédios, antibiótico e antiinflamatório, e
disse que eu precisava consultar um oftalmologista e um otorrino, que ficavam
na sala ao lado. Deram-me receitas de colírio para os olhos e um líquido
vaporizante para o nariz. Os médicos me asseguraram que em uma semana eu
estaria melhor e aliviado.
Nunca na minha vida tive a experiência
de consultar três médicos em 30 minutos. A compra dos remédios na farmácia do
hospital levou outros 30 minutos. Os atendimentos foram rápidos, sem fila, sem
espera; os diagnósticos precisos. Eu saí aliviado do hospital, e confiante de
que tudo daria certo.
A maior surpresa foram os
custos: a três consultas custaram 10 renminbi cada, equivalente a 1,66 dólares.
Os remédios custaram 400 renminbi. O gasto total foi 72 dólares.
Disseram-me que a consulta médica
de 10 renminbi nem entra no bolso do médico que tem apenas um salário fixo.
Suspeito que o médico chinês ganhe até menos do que o médico cubano. Os médicos
chineses são serventes do Estado para o povo. Quem sabe um dia o governo
brasileiro pode convidar médicos chineses para tratar a saúde do povo
brasileiro (além dos médicos cubanos).