terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Incerteza

Nicholas Bloom, professor de Ciências Econômicas da Universidade de Stanford e conselheiro do Tesouro Britânico, especializou-se em estudos de desastres históricos. Ele examinou 17 eventos de impacto desde a crise dos mísseis cubanos, a “black monday” de 1987, o 11 de setembro, e a quebra do Lehman Brothers e seus impactos sobre gastos e investimentos nos meses seguintes.
Cada evento criou dúvidas nas mentes dos executivos sobre o que deveria ser feito. Ele disse: “a resposta ótima à incerteza é não fazer nada. Mas se ninguém fizer nada, a economia entra em colapso”.
Essa observação leva o professor Bloom a ser otimista sobre a economia mundial. “Coloquei todo o meu dinheiro no mercado de ações”. Embora as empresas façam prognósticos de investimentos e novos empregos, o efeito é apenas temporário. Produção e emprego voltam quando a ansiedade diminui. A conclusão dele coincide com uma pesquisa publicada em 1980, por Ben Bernanke, que escreveu: “a resolução da incerteza pode conduzir a um pulo no investimento”.
A questão é quando isso vai ocorrer. Há uma falta de confiança na política do governo americano. Os bancos não sabem qual é o capital extra requerido pelo governo. As companhias de energia estão esperando a definição sobre emissão de carbono. A maior incerteza é a extinção ou prorrogação do corte de impostos que termina em janeiro de 2011.
O resto do mundo não tem menos incerteza do que os Estados Unidos. A crise de dívida soberana na Europa, a bolha imobiliária na China, o déficit orçamentário do Japão.
Enquanto esperam as nuvens dissiparem, as empresas americanas seguram $ 1,84 trilhões em cash. As empresas japonesas têm reservas de $2,3 trilhões em moedas e depósitos nos seus balanços de 31/03/2010. “Está na hora dos governos injetarem alguma certeza nas suas políticas, encorajando as empresas a empregar e a investir”.
Em final de novembro de 2010, algumas incertezas foram resolvidas: o corte de impostos foi prorrogado por mais 2 anos pelo Congresso Americano; Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha já elaboraram planos de reduzir os gastos e déficits do governo, embora sob protestos do povo pela redução de salários e benefícios dos funcionários públicos.
Gradativamente, as nuvens vão se dissipando. As empresas voltam a investir e a dar empregos. O mundo está caminhando para um ciclo virtuoso. A incerteza cai e a confiança sobe.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A saída para a crise financeira

A história tem demonstrado que quando os países sofrem com crises financeiras, eles saem do buraco via exportações. Desta vez, a crise financeira não se limita a um ou dois países. O declínio da produção econômica é mundial.

Países como a China, mesmo com altas taxas de crescimento, não estão aumentando as importações para estimular as economias fracas. A China se recusa a valorizar a sua moeda para manter sua fatia do mercado global. Guido Mantega, o ministro da Fazenda brasileiro, alertou recentemente para uma “guerra das moedas” (currency war). Matematicamente, é impossível que todos os países cresçam com exportações em alta e importações em baixa. Paul Krugman, Prêmio Nobel, economista, disse: “Não existe outro planeta para onde as exportações se destinam.”

O que pode ser feito para que o mundo restaure o crescimento econômico? A resposta não reside em “comércio” simplesmente!

Os economistas do mundo oferecem uma variedade de sugestões: inovações tecnológicas; “animal spirits” dos empreendedores; ou simples passagem do tempo.

Edmund Phelps, o outro Prêmio Nobel, economista da Columbia University, acha que alguns empreendedores vão pular na frente dos concorrentes, investindo pesadamente em novas tecnologias. Os concorrentes são forçados a responder aos desafios para não perder o mercado. Assim começa o ciclo virtuoso (por exemplo: iPad, da Apple, Android, da Microsoft, Blackberry, da Research In Motion).

O socorro pode chegar por conta de “wear and tear” e obsolescência. As empresas não podem prognosticar indefinidamente a renovação das estruturas e equipamentos (a demanda por Caterpillar cresce mundialmente).

A construção de casas tem sido tão lenta que dificilmente se prevê mais queda acentuada. O setor privado americano está gradativamente diminuindo a dívida. A recuperação dos setores financeiros leva anos, mas não uma década. As empresas americanas têm crescimento sadio, lucro e produtividade.

Talvez a salvação da economia americana resida na sua sonolência. Alan Greenspan, ex-chairman do Federal Reserve disse que não faz sentido estimular o “animal spirits” dos executivos enquanto eles continuarem a ter medo de outra calamidade financeira. O que se precisa é de um período extensivo de calma e tranqüilidade, para os executivos reencontrarem a confiança e pensar novamente em novas oportunidades.

Tenho confiança no Brasil e no mundo, sou um eterno otimista.