quarta-feira, 21 de março de 2012

Especulações e previsões

No meu blog, em fim de janeiro de 2012, especulei que Coréia do Norte, sob o comando do jovem líder Kim Jong Um, deve iniciar algumas reformas no campo político-econômico do país.

Em fim de fevereiro, um acordo foi anunciado entre a Coréia do Norte e os Estados Unidos de que o regime comunista paralisa o desenvolvimento de armas nucleares e lançamento de mísseis em troca de 240 mil toneladas de alimentos fornecidos pelos EUA. Como tática de negociação, os diplomatas americanos precisaram reforçar repetidas vezes que os EUA não tinham interesse em derrubar o regime. A Secretária de Estado, Hillary Clinton, disse que o acordo representa um passo modesto na direção correta.

O acordo foi assinado em Pequim. No xadrez diplomático da negociação com a Coréia do Norte, EUA e Europa jogam do mesmo lado da China, que foi fundamental para a costura do acordo. Os chineses não têm interesse algum em ver, na sua vizinhança, mais uma nação armada com a bomba atômica – bastam Índia e Paquistão.

Um dos maiores prazeres da vida profissional é quando ocorre um evento que você previu. Claro, o prazer é maior ainda se o evento previsto beneficia a economia, a sociedade e o mundo, tal como cessar fogo, queda de regime ditatorial, queda de juro, alta da bolsa. Não tem nenhuma graça se a previsão acerta eventos como terremoto e tsumani, guerra e destruição, doença e morte.

Minhas outras previsões são a queda do regime da Síria, o bombardeamento de Israel sobre as instalações nucleares do Irã e a reeleição de Barack Obama. Especulação não deixa de ser um bom passatempo.

terça-feira, 13 de março de 2012

Bonds – “shorter is better”

Steve McDonald, bond expert do Oxford Club, oferece o seguinte artigo sobre bonds americanos – treasury ou corporate.

Quando sobe a taxa de juro, o valor de mercado de todos os tipos de bonds – treasury ou corporate – cai. A extensão da queda do valor de mercado é uma
função do prazo de vencimento (maturity).


Maturity x flutuação de preço conforme taxa de juro

Maturity +1% +2% +3%
30 anos - 84.50 - 72.32 - 62.58
10 anos - 91.82 - 84.41 - 77.68
5 anos - 95.62 - 90.40 - 85.20
2 anos - 98.05 - 96.15 - 94.29


Com o aumento de 2% de taxa de juro, o treasury bond de 30 anos cai do par value de $ 1.000 para $ 723,20, enquanto o treasury bond de 2 anos cai somente para $ 961,50.

Para diminuir o risco do aumento de juro, ele sugere o sistema de “ladder” (escada).

Por exemplo:

Bonds Maturity Rendimento anual
American General Finance 15/09/2013 6.07%
GMAC (General Motors Acceptance Corp.) 15/03/2016 7.50%
CIT Group 15/11/2021 8.47%
SLM Group 15/06/2024 7.85%
Albertson’s 01/05/2030 9.78%

Este portfolio de corporate bonds tem média de maturity de 10 anos, e média de rendimento anual de 7.93%. Embora o bond de “short maturity” tenha um rendimento menor, ele reduz a queda de valor de mercado do portfolio quando subir a taxa de juro.

Ele sugeriu que os bonds tenham “ratings” de B a BBB, e a média de maturity entre 3 a 5 anos. “Não importa quanto suba a taxa de juro, o bond com bom” rating “e maturity curto não vai quebrar a cara como os bonds de 10 a 20 anos”.

Se você possui bonds que vencem a cada ano, você tem sempre um novo cash para reinvestir em outro bond, aproveitando ocasiões de crescente taxa de juro (comprar mais barato).

A maior vantagem do bond de “short maturity” é limitar a maior ameaça do bond, que não é o mercado e nem a taxa de juro, e sim a inflação. A inflação não é um tópico por enquanto. Mas um dia ela será!

Toda discussão é irrelevante se você pretende segurar o bond até o vencimento. No vencimento você receberá o principal (100%) e o ganho de capital (se o bond foi comprado com desconto) e teria recebido todos os juros, não importa o quanto flutuou o valor de mercado.

Compre um determinado bond somente quando você estiver satisfeito com a remuneração estipulada e pretender segurá-lo até o vencimento. Se o bond subir no mercado antes do vencimento, isso seria uma boa surpresa, mas não uma expectativa.

Melhor de tudo, você dormirá melhor à noite. Isso é a qualidade mais benéfica de qualquer bond.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Taxa de Câmbio

No fim de fevereiro de 2012, o Banco Central Europeu repassou 529 bilhões de euros, com prazos de refinanciamento de três anos, a 800 bancos. O valor superou a estimativa do mercado, de 450 bilhões de euros.

Logo depois do anúncio, os negócios abriram no Brasil com forte demanda pelo real. O interesse pela moeda brasileira era apenas uma amostra da avalanche de recursos que pode aportar na esteira da súper injeção nos bancos europeus. Isso porque parte dos recursos emprestados pelo BCE acha seu caminho para mercados emergentes em busca de juro mais alto. O destino preferido é o Brasil.

No dia 28/02/2012, o dólar foi cotado abaixo de R$ 1,70 (R$ 1,6956). No dia seguinte o Banco Central interveio e o dólar subiu para R$ 1,7177.

As medidas adotadas pelo BC:

a) BC compra e estoca dólar, com freqüência diária
b) Taxação de IOF de 6% para entrada de dólar em troca por real
c) Continuar baixando a taxa de juro – na próxima reunião do Copom no dia 6 e 7 de março, cortar a taxa Selic em 0,75%, para 9,75%

Neste cenário, não vejo o dólar abaixo de R$ 1,70. Se o preço do petróleo baixar para $ 80 - $90, e o dólar ficar mais forte contra o euro e outras moedas do mundo, o real pode desvalorizar para 1,80.

Quando o dólar baixa para R$ 1,70, o BC compra dólar; quando sobe para R$ 1,80, o BC vende dólar. A oscilação entre 1,70 e 1,80 é a “faixa de estabilidade” que se especula para os próximos meses e no curso do ano de 2012.