terça-feira, 24 de maio de 2011

ADR, BDR, CDR

1)ADR
Com a globalização do mercado e do mercado de capitais, as grandes empresas da Europa inventaram as ADRs (American Depositary Receipt), décadas atrás, lastreadas em suas ações existentes, para ser negociadas nos Estados Unidos. Como os americanos, pessoas físicas, corporações e fundos de pensão, são investidores mais ativos nas bolsas de valores, as empresas européias estavam levando as ações européias até a porta dos americanos. “Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé”.
Após as empresas européias, a “herd psycology” levou as empresas japonesas, chinesas, coreanas, russas, mexicanas, argentinas e brasileiras a lançarem, também, ADRs.

2)BDR
A Espanha tem muitos investimentos no Brasil. Santander e BBV no setor bancário; Repsol na REFAP (Refinaria Alberto Pasqualini); e a Telefônica de Espanha na telecomunicação.
A Telefônica de Espanha, para pulverizar a sua base acionária, lançou BDR (Brazilian Depositary Receipt) na Bovespa.

3)CDR
Com a China cada vez mais importante no cenário mundial, porque as empresas brasileiras como Vale, Petrobrás, Sabesp, etc, que já lançaram ADRs nos Estados Unidos, não pensam em lançar suas ações na China?

Tenho amigos em Shanghai que me consultam sobre Vale e Petrobrás. Se eles têm dólares e uma conta em N.Y., podem comprar ADRs. Mas para atingir a massa de investidores chineses é preciso criar CDR (Chinese Depositary Receipt), oferecendo a oportunidade de investir em ações brasileiras no seu próprio país, pagando com sua própria moeda (yuan ou renminbi).

Como precisamos do mercado chinês para a exportação de minérios e nosso balanço de pagamento, quem sabe a introdução de CDRs poderia melhorar ainda mais a liquidez das ações brasileiras e torná-las mais mundiais.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Respostas para os leitores do blog

O Sr. “Heavy Metal” perguntou no blog, em 3/5/2011, a distribuição do meu portfólio de investimento.

 Não tenho investimento em imóveis além da casa onde moro
 Uma pequena porcentagem em cash com renda variável, aguardando oportunidade para comprar ações
 Mais de 50% em ações
 Não tenho contratos de ouro, prata, petróleo ou qualquer outra commodi
Das ações da Bovespa, as melhores são as ações de “pecado”: bebida e cigarro:

Souza Cruz (Cruz3): vendi cedo demais. Não consigo recomprar. Não adianta chorar

Ambev (Ambev3): ADR bateu nova alta recentemente, com lucro recorde no 1° trimestre de 2011.

Souza Cruz é monopolista. Brahma e Antártica foram oligopolistas. A fusão das duas formou um monopólio.
Ainda estou na expectativa de que Souza Cruz e Ambev irão distribuir seus produtos em conjunto (para a mesma freguesia – bar e supermercado).
Sabesp (Sbsp3) – monopólio d’água no estado de São Paulo
Siderúrgica Nacional (Csna3), Usiminas (Usim5) e Vale (Vale5) – para frear a inflação, a China aumentou juro e depósito compulsório, diminuindo importação de minério de ferro e produtos siderúrgicos. Os papéis sofrem desvalorização.
Petrobrás (Petr4) – cotação está abaixo do preço da subscrição. O preço da gasolina não sobe com o subsídio do governo ao consumidor para diminuir o ritmo da inflação.
Braskem (Brkm3 e Brkm5) – os papes subiram bem, compensando o prejuízo da Unipar (Unip6), que foi para o brejo.

Respondendo ao Sr. Anônimo, que perguntou sobre Ogxp3:
OGX Petróleo anuncia a descoberta e exploração dos poços de petróleo no Brasil e na Colômbia, com expectativas e projeções, porém sem produção ainda. Maiores detalhes, ver www.ogx.com.br/ri e Bloomberg - acesse OGXP3

terça-feira, 10 de maio de 2011

Política Monetária e Fiscal

Em 20 de abril de 2011, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, elevou a taxa Selic em 0.25% para 12% ao ano. A alta, porém, foi menor do que a maioria das projeções que previam elevação de 0,5%.

Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, criticou: “Manter a inflação baixa com juros altos é incoerente. O excesso de gastos públicos coloca mais dinheiro em circulação e canibaliza parte dos efeitos da Selic elevada. O resultado é o pior dos mundos: taxa de juros elevada, encarecimento da dívida pública e inflação resistente com perda de competitividade da indústria nacional por causa do câmbio valorizado”.

Para combater a inflação, existem dois lados: monetário e fiscal. Monetário é mais fácil. Para aumentar o juro, é só abrir a boca. Fiscal é mais trabalhoso. Para cortar as despesas, todos os ministérios e departamentos resistem. Cortem as suas despesas, mas não os meus subsídios.

Nos Estados Unidos, o cenário é o mesmo. Bernanke e o Fomc bastam decretar: “o juro permanece inalterado”. Para cortar gastos, os senadores e deputados querem cortar gastos dos outros estados da União, mas defendem os gastos de seus próprios estados eleitorais. Na família, o marido diz para a mulher: “você tem que diminuir os gastos”, e a mulher protesta: “não tenho como cortar mais gastos, é você que não ganha o suficiente!”.

O sucesso do crescimento econômico depende tanto da dosagem de juro pela autoridade monetária, quanto de cortes de gastos por todos os níveis da sociedade - federal, estadual e municipal. É fácil dizer: aumentar juro e cortar gastos combate a inflação; diminuir juro e aumentar gastos (até com déficit spendig) para combater a recessão. Mas a dosagem na execução da tarefa, pelo governo, é uma arte difícil e ainda tem que contar com o esforço de toda a sociedade.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Para onde vai o dinheiro?

Bernanke tem o poder de decisão de imprimir dinheiro, e o Federal Reserve tem feito isso nos últimos 30 anos. Mas o FED e os bancos centrais não podem decidir para onde vai o dinheiro. Em outras palavras, o FED pode abrir a torneira (via QE1 e QE2), mas é o mercado quem decide para onde flui o líquido.
O dinheiro fluiu para a Nasdaq de 1997 a 2000, terminou num “bubble”. De lá fluiu para imóveis até o colapso. Em 2008, o dinheiro fluiu para as commodities. E agora fluiu para os alimentos e o petróleo. A psicologia do “herd” leva o mercado ao extremo, como a febre da tulipa na Europa no século passado e a tentativa de monopolizar o mercado de prata, pelos irmãos Hunt, nos Estados Unidos.
Neste momento, com o preço do ouro acima de $ 150, e do petróleo acima de $ 110, o mercado acha que a culpa é da inflação. Mas eu acho que ouro e petróleo são pura especulação. O mercado também culpa, como causa dos altos preços das commodities e do petróleo, a fraqueza do dólar devido ao excesso do FED na impressão de dinheiro. Esqueça a polêmica do ovo e da galinha, se o dólar fraco causa inflação ou vice versa. Acho que os preços do ouro e do petróleo vão cair (regression toward the mean), e o dólar vai subir (ou deixar de cair).
Neste momento, o dólar canadense, o franco suíço e o dólar australiano já valem mais do que um dólar americano. Um dólar vale 1,56 reais. Todos estes países vão ter problemas de exportação, balanço de pagamento, e conseqüentemente, de nível de emprego.
No meu artigo anterior, já falei que o juro mundial vai subir. Os juros americanos, japoneses, europeus não vão cair abaixo de zero. E o juro brasileiro não vai permanecer o dobro da taxa de inflação.
E as bolsas de valores? No mundo inteiro estão subindo. Só no Brasil vai ficar negativo? Mas não por muito tempo.