sábado, 29 de setembro de 2007

Ok, What´s next ?

Passados dez dias da redução de meio ponto percentual na taxa de juros dos Fed Funds, o mercado de ações americanos quase voltou ao nível pré-crise e caminha para novamente bater recordes. No Brasil, já se ultrapassou os níveis mais altos de antes da crise com o Bovespa ultrapassando os 61.000 pontos e devolvendo um pouco na sexta-feira os ganhos da semana. A volatilidade dos mercados também foi reduzida no mercado internacional e doméstico. A grande questão é: o que acontece agora ?

A procura de respostas passa por melhor entender o que de fundamental aconteceu, o que já sabemos, mas principalmente o que não sabemos.

A crise imobiliária americana continua seguindo seu curso e tem consequências ainda bastante relevantes a atingirem os mercados. A classe média americana utilizou a valorização dos imóveis como veículo de financiamento de consumo nos últimos anos, sustentando o crescimento econômico e gerando disponibilidade (income) para gastos. Esta "bicicleta" funcionou enquanto a valorização dos imóveis foi crescente, o que permitia múltiplos refinanciamentos a medida que os preços subiam e por consequência mais dinheiro para gastar. Com a queda vertiginosa de preços (que continuarão ainda caindo) não só esta dinâmica parou, mas se reverteu. O consumidor não consegue mais refinanciar os imóveis para gastar, mas também tem que arranjar dinheiro extra para pagar os financiamentos e cobrir a desvalorização dos imóveis. Muitos deles não tem estes recursos, daí não pagam nem a prestação do refinanciamento. Consumo adicional, nem pensar.

A queda do consumo é o que vai se observar daqui para frente nos EUA e como consequência o aumento do desemprego. O desemprego é a segunda onda a atingir e aprofundar a redução do consumo. É um ciclo de recessão e está no horizonte. A questão é o quão forte vai ser esta recessão.

O FED já tem uma idéia do estrago que vem por aí. O corte de 1/2 ponto nos Fed Funds foi um alívio e acima da expectativa do mercado, mas traz também uma outra mensagem: se segurem pois a recessão pode vir forte. Tecnicamente o FED tinha três opções de ação: corte de 0,25 %, corte de 0,5% ou corte de 0,75%. A minha opinião é que a opção era de fato entre 0,5% ou 0,75% e que um corte de 0,75% sinalizaria um ato de desespero. Na própria sexta feira já havia indicações de que na próxima reunião do FED em outubro uma nova redução de 0,25% é necessária.

Alguns indicadores econômicos já mostram deterioração da atividade econômica como a produção industrial, vendas no varejo e índices de confiança econômica em geral. O corte de preços do iphone da apple em US$ 200 ! (de $500 para $300) deve ser visto como uma ação antecipada de previsão de queda de demanda.
Outra questão não respondida é quais são os prejuízos dos bancos ? Estimativas indicam que os BCs americanos e europeus já injetaram mais de US$ 3 trilhões. É claro que boa parte deste valor são injeções de liquidez, mas como virão os balanços futuros ? Quem paga a conta ?

Vamos observar os acontecimentos destas próximas semanas. Continuarei neste assunto em um próximo post.
Jackson Tong
Convidado deste Blog



quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Lucro e prejuízo acentuado pelo câmbio

Fundos e investidores estrangeiros contribuem em percentagem significante para o movimento da Bovespa. Quando eles compram ações, a Bovespa sobe; simultaneamente, eles vendem dólares para obter reais para pagar as ações, e a cotação do dólar cai. Inversamente, quando eles vendem ações, a Bovespa cai; os reais são convertidos para dólar, e o dólar sobe.
Para quem faz cálculos em dólar de seu portfólio de ações brasileiras, o lucro ou o prejuízo é acentuado pelo fator câmbio. Como a ADR é a cotação da ação dividida pela taxa de câmbio, ela avança ou retrocede mais do que a sua cotação em real.
Na semana de que se iniciou em 17/08/07 a Bovespa caiu 7,75%, e o dólar subiu 3,85% (de 1,95 para 2,025). A perda no portfólio é de 11,2%, medida em dólar.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Afetando o desempenho dos CEOs

Achei interessante este estudo, enviado por meu sobrinho, que mostra o que ocorre com a rentabilidade das empresas dinamarquesas quando da morte de parentes do CEO.
Morte de filho reduz em 21.4%, da esposa 14.7%. Da sogra aumenta a rentabilidade da empresa em 7% ! No mínimo controverso. Reproduzo o resumo abaixo.

Scholars Link Success of Firms To Lives of CEOs
By MARK MAREMONT

Should shareholders in a company care if the chief executive's child dies? What if the mother-in-law passes away?
Such things don't normally figure in investment decisions. But maybe they should, according to a recent study by three finance professors. Mining a trove of Danish government data on thousands of businesses, they were able to track links between CEO-family deaths and the companies' profitability over a decade.
It slid by about one-fifth, on average, in the two years after the death of a CEO's child, and by about 15% after the death of a spouse. As for an executive's mother-in-law, the old jokes seem to hold: The researchers found that profitability, on average, rose slightly after her demise.
The study is part of an emerging -- and controversial -- area of financial research that delves into the lives and personalities of executives in search of links to stock prices and corporate performance. The trend is an outgrowth of the tendency to lionize CEOs as critical to the businesses they lead. If their performance is so vital, the researchers say, investors should want to know anything that could affect it.

O original do artigo encontra-se no link: http://online.wsj.com/article/SB118839767564312197.html

Jackson Tong
Convidado deste Blog.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

GOL e Varig

Este post é um follow-up dos artigos sobre a situação das aéreas já publicadas neste Blog. Mais especificamente a situação da GOL.

Como já havia mencionado anteriormente, a longa queda das ações da GOL iniciou com o desastre do 737-800, se aprofundou com o caos aéreo de 10 meses e piorou ainda mais com o acidente da TAM. No total o papel se desvalorizou mais de 50%.
Com o movimento pendular de aliviar o lado dos consumidores, que já sofreram longamente com o caos, as aéreas foram escolhidas (não havia outra opção) para "pagar a conta" e estão na mira dos reguladores. O ajuste está ocorrendo pelo lado da oferta que é limitado pela infra-estrutura. Este fato está levando os investidores a penalizar duramente as aéreas pois estas restrições limitam o atendimento da demanda e tem um impacto direto na receita.

Com as limitações de infra-estrutura no aeroporto de Congonhas, a principal questão é: Como se maximiza a utilização de Congonhas para se gerar o máximo de valor possível ?
A resposta começa a se formar a medida que o regulador define as restrições de utilização do aeroporto como por exemplo a eliminação da função de hub de Congonhas e a permissão somente de vôos ponto-a-ponto e a limitação de operação até um raio de 1000 km. A propósito, em um raio de 1000 km se incluem todas as grandes capitais do Sul/Sudeste, Brasília e Campo Grande. Salvador é a única grande metrópole do NE que ficaria de fora.

Os business travellers, que geram a grande parte das margens estariam preservados. Aliás, já está bem melhor viajar a negócios a partir de Congonhas, a situação praticamente normalizou e as passagens estão mais caras. A GOL, que começou como uma companhia ponto-a-ponto, terá menos dificuldades em se re-adaptar e reorganizar a malha.

Existem algumas evidências que indicam uma situação de oversold dos papeis da GOL. A principal delas é a própria percepção dos acionistas controladores com as idéias de fechar seu capital, o que não seria uma boa idéia. Mas uma opção é recomprar suas ações no mercado.
Existem outros hidden values na GOL que comentarei na continuação deste post.

Por Jackson Tong
Convidado deste Blog

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Índice Futuro de Bovespa

Se você não quer saber, ou não tem tempo de estudar e analisar os setores descritos nos artigos anteriores do blog, mas tem confiança no futuro do Brasil, você pode comprar o índice futuro de Bovespa. (ou vender os contratos de índice descobertos se você acha que a alta da bolsa é insustentável).
Após a compra ou a venda de índice, o mercado age ao seu favor ou contra, o seu lucro ou prejuízo é creditado ou debitado na sua conta diariamente.
Índice futuro também é usado como Hedge de seu portfolio de ações. Há corretores cautelosos que não aceitam uma ordem de venda de índice futuro descoberto de investidor/especulador, pessoa física ou jurídica, ou de fundo mútuo.

Diferente da compra de ações, o índice futuro tem prazo de vencimento curto, flutuação de preço violenta, que deixa o investidor/especulador/hedger tenso e nervoso. Não recomendo a compra, ou a venda descoberta. Podia ser usado somente como instrumento de hedge do seu portfolio de ações. (resposta ao Sr. Anônimo de 11/07/07 e ao Sr. Paulo Arai de 12/07/07)

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Fundo de Capital Protegido

Economia em expansão, inflação sob controle, taxa de juros em queda e bolsa em alta. Esse cenário positivo, no entanto, está sujeito a mudanças drásticas. Um provérbio chinês ensina: “A situação se reverte quando chega ao extremo.”
Para proteger o capital investido, foram lançados Fundos de Capital Protegido. Por exemplo, o Fundo BB Multimercado Capital Protegido. Se o limite de ganho para a bolsa for de 40%, quando esse patamar for ultrapassado, o investimento será remunerado pela taxa pré-fixada (40%). Se, porém, a Bolsa não ultrapassar a rentabilidade combinada, o ganho será a variação positiva da Bolsa. Mas se a Bolsa ficar negativa no período, aí o investidor recebe o capital investido, com a dedução das despesas do fundo.
Confesso que não tenho experiência neste tipo de investimento. Analise bem com o seu corretor ou banco de investimento os detalhes antes de comprometer o seu capital.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Lula vs Mandela (2ª parte)

Petroquímica

Braskem, Unipar, Copesul, Suzano tiveram seus dias de glória. Agora retrocederam com a alta dos preços do petróleo e da nafta

Biodiesel

Cosan – usinas de açúcar e álcool – competitivo no mercado internacional
comparando com o etanol derivado do milho no hemisfério norte. Trata-se de um setor novo que merece observação e estudo (resposta para o leitor do Canaldoinvestidor.net)

Eletricidade

Com exceção de Cemig (geração, transmissão e distribuição de energia) outras companhias do setor não avançam muito devido à contínua regulamentação do governo

Bancos

Ao contrário da minha previsão no livro “Bolsa de Valores – Visão Feliz e Otimista”, as ações dos bancos subiram muito, com destaque para o Banco do Brasil

Papel e celulose

Nos cinco meses de 2007, as exportações brasileiras de celulose aumentaram em 18,5%. No 2º trimestre, Aracruz teve um aumento no lucro de 38%, comparado com igual período de 2006