terça-feira, 27 de abril de 2010

A Eleição e a Bolsa


A Bloomberg Business Week (fev. 2010) publicou um relatório interessante sobre a eleição presidencial americana e o índice Dow Jones.

Presidente/Data Inauguração/ Performance Dow Jones no primeiro ano da presidência

Franklin Roosevelt (D)/4 de março 1933/+ 96,5%
Harry Truman (D)/12 de abril 1945/+30,9%
Barack Obama (D)/20 de Janeiro 2009/+29,5%
Lyndon Johnson (D)/22 de novembro 1963/+21,6%
George Bush(R)/20 de janeiro de 1989/+19,6%
George W. Bush (R) 20 de janeiro de 2001/-7,7%
Ronald Reagan (R) 20 de janeiro 1981/-12,7%
Herbert Hoover (R) 4 de março 1929/-15,6%
Richard Nixon (R) 20 de janeiro 1969/-17%
Jimmy Carter (D) 20 de janeiro 1977/-19,6%

D = Democrata
R = Republicano

O Dow Jones subiu em 80% das vezes, no primeiro ano do mandato, quando o presidente eleito era um democrata; e caiu 80% das vezes, no primeiro ano do mandato, quando o eleito era um republicano. A média de oscilação do Dow Jones no primeiro ano de presidência foi de +24% para democratas e -1% para republicanos.
Mera coincidência?
Roosevelt e Obama foram eleitos quando a economia estava no fundo da recessão e depressão, e o povo estava sofrendo os efeitos do desemprego. A vitória de um democrata deu esperança de melhoria e o Dow Jones subiu de acordo com isso. Roosevelt estimulou o consumo com juro baixo, prestação e financiamento para automóveis e casas. Obama segue o mesmo caminho do keynesianismo.
A eleição presidencial no Brasil no fim deste ano poderia afetar a performance da Bovespa em 2011? Comentários são bem-vindos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

CAD$

No fim do primeiro trimestre deste ano, o dólar canadense já estava ao par com o dólar. O fortalecimento do dólar canadense reflete um sistema de economia tranqüila, o mercado imobiliário valorizando e os bancos sólidos.
Se o investidor já diversificou seu portfolio em real, dólar, euro, não deve esquecer de incluir o dólar canadense.
O Sovereign Bond, do governo canadense, com vencimento em 01.06.2012, S&P Rating AAA, juro de 5,25%, ao preço de 111,93 em 07.01.2009, tinha um rendimento (yield) de apenas 1,6%. Mas na época, o CAD$ valia US$ 0,85. A compra de Sovereign Bond não visava tanto o juro quanto a valorização da moeda (a currency play).
Agora, se você acha que já é tarde demais para comprar CAD$, talvez possa estudar a compra de dólar australiano. O Aussi$ estava cotado a US$ 0,9285 em 9 de abril de 2010 e pode chegar ao par com o US$. O bond australiano de 10 anos tem rendimento de 5,79%.
Não compro bond grego, mesmo que o bond (como outros junk bonds) esteja com o preço “barato” e rendimento alto para compensar o risco.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Lições do Canadá

A economia do Canadá normalmente anda junto com a economia dos Estados Unidos. Mas agora o mercado imobiliário caminha por um trilho diferente do americano. Em janeiro, o preço médio de uma casa em Toronto foi de US$ 392.000, um pulo de 19% em relação há um ano. Na área mais nobre de Vancouver, um “condo” com um dormitório foi anunciado por US$ 575.000. E aumentos de preços são previstos para todas as províncias do país.
A razão é simples: a regulação dos bancos. Os bancos canadenses são supervisionados e proibidos de se endividar para financiar imóveis. Eles não financiam para quem não provar que tem renda suficiente para a compra de imóveis. A prática do “no-money-down” (sem entrada) é efetivamente banida. A legislação também ajuda. Os juros de mortgage não são dedutíveis do imposto de renda. E para os inadimplentes, os bancos podem executar os outros bens além da casa financiada (nos Estados Unidos, quando o valor do mercado da casa cai abaixo do valor do financiamento, o devedor envia a chave para o banco pelo correio e simplesmente “walk away”).
Todos estes fatores tornam o financiamento imobiliário um negócio de baixo risco. Os bancos canadenses ficam com os mortgages em vez de empacotar e revendê-los. O financiamento cuidadoso leva ao lucro que leva a mais financiamento – um círculo virtuoso.
Os banqueiros canadenses ganharam a admiração de Obama, de Paul Volcker e do economista Paul Krugman. Não basta “amar seu vizinho”, os Estados Unidos têm que aprender com ele também.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A revalorização do Yuan

Nos últimos anos os Estados Unidos vêm pedindo e tentando persuadir a China a revalorizar a sua moeda, o yuan, a fim de reequilibrar o comércio bilateral dos dois países. O yuan subvalorizado torna os produtos chineses baratos, estimulando a exportação, e torna os produtos americanos caros, incentivando a importação. Além de se sentir mais pobre diante do déficit comercial perpétuo que atingiu quase um trilhão de dólares, os americanos perdem os empregos para os chineses.
O governo chinês não diz sim nem não sobre a revalorização. Só diz que está pensando, analisando. Enquanto o mundo espera pela revalorização, a China pode estar longe de pensar no assunto.
Existem alternativas?
Para diminuir o superávit, a China pode optar pelo aumento de salários do povo ao invés da revalorização da moeda. Se subir o salário, a exportação diminui. Salário mais alto eleva o nível de vida desde que isso não cause inflação acelerada.
A China também pode estar estudando a interiorização de consumo. Em vez de ganhar mais divisas exportando para o exterior, vai encaminhar os produtos para o consumo popular no interior, beneficiando as áreas rurais.
A meu ver, a melhor solução seria o “free float” da moeda, ou seja, taxa de câmbio determinada pelo mercado, não pelo governo. Mas o regime atual – capitalismo sob controle do governo – quer controle sobre tudo, e a moeda em primeiro lugar. Neste momento, “free float” seria apenas um sonho.
No Brasil, o real é teoricamente uma moeda de “free float”, determinado pelo mercado. Mas de vez em quando o Banco Central mete a mão também. O governo julgou a taxa de câmbio de R$ 1,70 por dólar prejudicial à exportação, o Banco Central comprou dólar para impedir mais valorização do real. A Suíça e a Inglaterra não participam da União Européia porque cada país quer ser dono de sua própria moeda (não deixa o default da Grécia afetar diretamente o seu destino).