segunda-feira, 31 de março de 2008

Dreams come true (Parte 3)

A) NAFTA
Com o crescimento acelerado, o Brasil poderia participar, ou melhor ainda, ser convidado a participar da NAFTA (North Atlantic Free Trade Association) composta por Canadá, Estados Unidos e México. Com o ingresso do Brasil, a organização seria renomeada simplesmente de Atlantic Free Trade Association. Os países sócios podem exportar/importar bens e serviços livremente sem cobrança de tarifas, impostos ou outros ônus. O livre comércio entre si criaria mais progresso e prosperidade para os associados, e inveja para os excluídos. No exemplo da European Union, os excluídos têm que trabalhar bastante para reformar suas economias para atingir os requisitos do clube. Quanto mais sócios o clube tiver, mais aspirantes procuram se admitidos. O ciclo virtuoso cria mais progresso e prosperidade para todo mundo - “The wealth of nations”, visionado por Adam Smith.
B) G - 7
Os chefes dos sete países (Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Canadá, Japão, França e Alemanha) mais ricos encontram-se anualmente para discutir o destino do mundo. A Rússia é convidada como observadora (G - 8). A China ainda não foi convidada. Nenhum país da América Latina ou do continente africano é representado. Os temas de discussão variam: recessão, taxas de juro, protecionismo do comércio e tarifas, Iraque, Tibet, ou qualquer assunto do momento.
O Brasil está na lista de espera. Após o investment grade, OPEC ou não, sonhamos que um dia o Brasil passará a integrar o grupo.
C) Real com moeda mundial
Por quê não? Do jeito que o real se valorizou contra as moedas do mundo. Por enquanto o mundo dos investimentos procura o real para ganhar taxa de juro. Sonhamos que logo o real se torne a moeda universal. Não precisaríamos mais converter real para dólar para as viagens. Comprar passagens aéreas internacionais com real; fazer “cruzeiros” * pagando em real ao invés de dólar; tomar caipirinha de cachaça a bordo do navio e assinar a nota de consumo em real; em vez de comprar dólar, carregaríamos real no bolso para gastar nas viagens. Os países da OPEC aceitariam real para pagamento do petróleo (já que o Irã não aceita dólar). As construtoras de Miami venderiam as casas em reais (já que não conseguiram vender as casas em dólar).
A imaginação não tem limites! Desejamos um bom sonho a todos.

* as companhias de navegação (e aéreas) não sabem o que deixaram de ganhar com a venda de passagens que não foram cobradas em real

segunda-feira, 24 de março de 2008

Dreams come true (Parte 2)

OPEC for Brazil
Com a euforia da perspectiva de “Investment Grade” para o Brasil, a comunidade mundial de investimento já começa a sonhar com o próximo sonho.
Cnnmoney.com publicou um artigo (22/2/08) “Brazil dances witha OPEC”. OPEC é a “Organization of Petroleum Exporting Countries” formado pelo cartel de 13 países para influenciar o preço do petróleo. A notícia de que a maior economia da América Latina está pensando em participar da OPEC circulou no fim de 2007 após o Brasil anunciar a descoberta de enormes depósitos de gás e petróleo “offshore” que tornará o país um grande exportador de petróleo. O Presidente Lula e os políticos dizem que o país está considerando entrar na OPEC logo após o potencial de exportação da nova descoberta ser avaliado.
A entrada do Brasil na OPEC é mais política do que econômica. A medida será popular junto ao eleitorado e ao mesmo tempo levará o país a ter mais destaque e peso no cenário mundial.
O Brasil sentaria na mesa de uma organização que controla 40% da produção mundial de petróleo. Se o preço do petróleo cair, o Brasil poderia votar a favor de um corte na produção dos países da OPEC, sentindo-se bem mais poderoso do que a decidir se a Petrobrás deve aumentar ou diminuir a produção no cenário nacional. O Brasil também poderia votar para mais petróleo contrabalançando a queda de produção do México e de North Sea. Como o Brasil abraça o mercado livre e os investidores estrangeiros, presume-se que o país votaria com a Arábia Saudita para elevar a produção, contra o Irã ou Venezuela, no lado oposto.
Toda essa conversa de OPEC pode ser prematura. O país enfrentará muitos obstáculos antes de ser um exportador de peso. Não somente o petróleo está a milhas abaixo do oceano, está também a milhas abaixo das camadas de sal. Ademais, existe uma deficiência de trabalhadores qualificados e de equipamentos de drill. O consumo interno também está crescendo. Os analistas acham que é necessário no mínimo uma década antes do país exportar uma quantidade significativa de petróleo.
Também existe a questão de se o Brasil está disposto a se sujeitar à cota da OPEC. Se o Brasil se tornar um país de alta taxa de crescimento, ele não vai querer se restringir ao limite de velocidade imposto pela OPEC. Sempre existe o outro lado da moeda!
Dançar ou sonhar com a OPEC. A imaginação não tem limite. Vamos continuar o nosso sonho no próximo artigo.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Dreams come true (Parte 1)/“Investment grade” for Brazil

Antes de o Presidente Lula tomar posse em 2003, as agências de “rating” cortaram a classificação de dívidas do Brasil (down grade), com medo de que o novo governo fosse se endividar mais para gastar mais, o que colocaria o país novamente em default.
Hoje, com a economia em ascensão, o Brasil está a um passo de obter “investment grade” nas suas dívidas, atraindo, potencialmente, bilhões dos investidores. O Brasil pagou as suas dívidas para o IMF e as suas reservas internacionais superam as dívidas internacionais.
Ao mesmo tempo o Brasil se beneficia do “boom” global das commodities: minério de ferro, açúcar, etanol e soja. É a combinação de sorte com uma boa administração: “Temos um Brasil novo”, comentou o diretor sênior da Fitch Ratings.
O novo “rating” abrirá as portas para os investidores, especialmente para os grandes “endowments“(doações), fundos de pensão e companhias de seguros que são proibidos de comprar os “junk bonds”. Após Rússia, México, África do Sul e Chile conseguirem o “investment grade”, o dinheiro dos investidores estrangeiros aumentou de 79% para 354% em dois anos. O Brasil pode ganhar um extra de 21 bilhões de dólares anualmente se conseguir o “investment grade rating”, elevando o mercado acionário e a moeda ainda mais. Lembre-se que a bolsa sobe não quando o país é efetivamente declarado de “investment grade”; a bolsa já sobe com a perspectiva de caminhar para o mesmo.
Mais importante ainda, o melhor rating baixa o custo dos empréstimos que o país necessita para melhorar a sua infraestrutura. “Precisamos das condições para um período de crescimento sustentado”, disse Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central.
Todo mundo está investindo no Brasil, como na China há 30 anos atrás.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Critérios para avaliar IPO

Um artigo americano sobre IPO salienta os seguintes critérios:

1) Lucratividade: Desculpe pelo óbvio. Mas lembre-se dos dias de “dot.com” nos anos 90. Muitas empresas abriram o capital sem ter receitas, lucro, e produto. Foi surpresa que esses IPOs se derrubaram ao longo do tempo?
2) “Long term” potencial para crescimento: comprar IPO é investir na infância da empresa. Responda a duas perguntas: a) os produtos satisfazem uma necessidade de mercado ou solucionam um problema no mundo dos negócios? b) a empresa é a primeira (melhor ainda, é a inventora) com produtos superiores numa “hot industry”? Se a resposta for sim a uma dessas perguntas, já é o suficiente para participar do IPO.
3) “Insider ownership”: verificar no prospecto de IPO se os acionistas principais (e vendedores do IPO) estão retendo uma percentagem significativa da companhia pós - IPO. Insistir em 30% como mínimo, se mais melhor.
4) Receita anual de no mínimo US$ 50 milhões: pesquisa da University of Florida confirma que a receita é um bom indicador de performance da ação no futuro. Companhias com receitas anuais abaixo desse nível têm desempenho 15% menor do que a média do mercado de ações nos próximos três anos, enquanto as acima desse nível ficam 5% melhor do que o mercado. Considerando os IPO’s dos últimos 25 anos, mais do que 50% dos IPO’s não passou nesse critério.

IPO’s são como qualquer investimento. Em última análise são os “fundamentals” que determinam os preços das ações.
Vou desafiar meus leitores a comparar os critérios americanos com os nossos critérios para avaliar os IPO’s brasileiros.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Um encontro com Warren Buffett

Meu nome é Patrick Victor Lee. Sou neto do John Tong.

Estive recentemente em Omaha, capital do estado americano de Nebraska e residência de Warren Buffett, o investidor mais famoso de todos os tempos.
O Sr. Buffett nos relatou que começou a investir aos 11 anos de idade e possui um mestrado de economia pela Universidade de Columbia onde foi aluno de Benjamin Graham, grande acadêmico na área de value investment. Meu avô, que escreve esse blog, foi seu contemporâneo em Columbia na década de 1950.
Diversas análises, estudos e livros foram feitos em torno do sucesso do Sr. Buffett. Com um patrimônio superior a 50 bilhões de dólares, seu net worth é superior ao valor de mercado individual da maior parte das empresas brasileiras com exceção de Petro, Vale, Bradesco e Itaú.

Muitos acadêmicos e defensores da teoria de mercados eficientes acreditam que o Sr. Buffett nada mais é do que um sujeito de sorte e que seu desempenho é na realidade um acidente estatístico. Sr.Buffett brinca dizendo que quando conheceu William Sharpe (vencedor do Nobel por suas contribuições à teoria de finanças) ele era considerado um evento 3 sigma (referente ao número de desvios padrão). Ao reencontrar William Sharpe, anos depois, ele já era um 4 sigma. Ou seja, o mundo acadêmico prefere adicionar sigmas ao seu desempenho a alterar a teoria de mercados eficientes.

Pessoalmente acredito que o sucesso do Sr. Buffett é relacionado a sua personalidade. Sua paciência, disciplina e capacidade de simplificação superam em muito os métodos quantitativos dos hedge funds e bancos de investimentos. Mesmo aos 76 anos sua serenidade faz com que seu desempenho supere jovens exércitos de MBA’s e PHD’s no mercado.

Finalmente, o último conselho que dividiu comigo é simples e sublime. O Sr. Buffett disse que mesmo sendo ricos, muitos de seus “peers” multibilionários jamais serão pessoas felizes. Em suas palavras:
Success is having what you like....
Happiness is liking what you have!

Por Patrick Victor Lee