terça-feira, 16 de julho de 2013

Bad news is good news!

Na quinta-feira passada (11/07/2013), o governo americano divulgou que o número de americanos cadastrados para os benefícios de desemprego aumentou para 360.000. Mas todas as bolsas do mundo subiram em função desta notícia porque o mercado especulou que o FED deve manter os estímulos (QE) por mais tempo. Portanto, bad news is good news.

O S&P 500 subiu seis dias consecutivos, e o Nasdaq index 100 subiu 12 sessões consecutivas. S&P recuperou toda a queda de 5,8%, de 22 de maio a 24 de junho, provocada pela declaração de Bernanke de que o FED poderia restringir a comprar de debêntures (ou diminuir a liquidez) se a economia continuasse melhorando.

Em 11 de julho de 2013, o índice Dow Jones, S&P, Nasdaq - todos bateram recordes históricos. Todas as bolsas européias subiram bem. O Índice MSCI Emerging Markets subiu 3%, Shanghai 3,2%, Hong Kong 2,5%, Seul 2,9%.A Bovespa já devolveu o ganho no dia seguinte. Que decepção!

Devemos rezar para que o nível de desemprego americano continue alto e os estímulos do FED permaneçam por um período longo? O foco do mercado muda com o tempo. Daqui a seis meses ou um ano, o mercado não relacionará desemprego com o estímulo. Serão outros fatores como inflação, taxa de juro, taxa de crescimento, endividamento como percentagem do GDP, taxa de câmbio, etc., de cada país que determinam a oscilação de cada bolsa.

Para quem investe na bolsa brasileira é interessante observar as mudanças que o governo pretende introduzir após o término dos protestos. O povo e os sindicatos querem mais escolas, melhor atendimento nos hospitais, menos gastos públicos e menos números de ministérios. O povo se revolta contra a corrupção e os mensalões (até agora ninguém foi para a cadeia), contra a burocracia e a ineficiência. Embora o governo reconheça como justas as reivindicações, terá coragem para implantar as mudanças? Temos de acabar com o jogo de empurra-empurra das responsabilidades entre o executivo, congresso e judiciário. Senão estaremos perdendo tempo, e nenhuma reforma será concretizada na gestão da Presidenta Dilma, deixando tudo pendurado para depois da próxima eleição. Se o povo não tem paciência para toda a demora com as reformas, vão recomeçar os protestos nas ruas e praças. Com esse círculo vicioso, o Brasil torna-se um país de protesto eterno sem ordem e progresso.


Admito que o cenário acima descrito é demais pessimista. Tomara que isto não aconteça. Estou esperando ver a luz no final do túnel. Esperança é a última a morrer!

terça-feira, 2 de julho de 2013

A perspectiva de término de estímulo do FED americano sobre a economia mundial e do Brasil

O mês de julho, 2013, foi desastroso para as bolsas do mundo e do Brasil. O Federal Reserve tem injetado $ 85 bilhões mensalmente via compra de títulos (quantitative easing – QE) para estimular a economia. Como o programa não pode continuar eternamente, o mundo investidor especula quando o estímulo vai acabar. Ben Bernanke anunciou que enquanto a inflação continuar baixa e o desemprego não cair para o nível de 7% (atualmente está em 7,5%), o estímulo deve continuar. Como o desemprego não cairia meio porcento da noite para o dia, o FED, acompanhando a evolução da economia, poderia diminuir o estímulo de $ 85 bilhões para $ 65 bilhões mensalmente, mexer um pouco na válvula (tapering), mas não fechar a torneira. As opiniões de outros diretores do FED também não são unânimes. Uns querem acabar com o estímulo, visando o perigo da inflação futura; outros querem manter o status-quo, achando que é cedo demais para descontinuar o estímulo.

Neste ambiente, as bolsas americanas e mundiais ficam voláteis e nervosas. Diante da incerteza da política do FED, e a alta de 15% das bolsas americanas no primeiro semestre do ano, os investidores resolveram realizar lucros. Embora a economia do mundo está melhorando (Europa resolveu temporariamente o problema da dívida, e o Japão está saindo da recessão), as bolsas do mundo caíram violentamente na segunda quinzena de junho. Chuvas e trovoadas de repente em dia de sol brilhante.

No Brasil, além da queda do Índice Bovespa de 15,9% (de 56.406 em 24/5 para 47.457 em 28/6) o país sofreu uma desvalorização da moeda de 8,6% (de real = US$ 0.49 para US$ 0.448) no mesmo período. Medida em dólar, os investidores na bolsa brasileira perderam 25,9%, e todos os brasileiros (mesmo não investindo na bolsa) perderam 8,6% de seus ativos (terrenos, casas, móveis, automóveis, etc) e seus ganhos (salários, aposentadorias, juros e poupanças).

Os protestos do povo começaram com o aumento da passagem de ônibus e se arrastaram contra a corrupção burocracia e ineficiência do governo. O povo, pela intuição, sentiu que algo está errado. O governo da Presidenta Dilma tem um plano estratégico para sair deste buraco?