terça-feira, 31 de março de 2009

One at a time!

No final de 2008, para combater a recessão, Bernanke, do FED baixou o federal fund rate para zero a 0,25%. Obama, após assumir a presidência em janeiro, já anunciou planos anti-recessivos: cortes de imposto de renda e outros impostos, empréstimos para bancos e montadoras de automóveis, compra de títulos podres de subprime mortgage, etc. Se essas medidas não forem executadas, a recessão evoluirá para depressão e pleno desemprego.
Todas essas medidas têm uma característica em comum: imprimir dinheiro, em trilhões de dólares, e botar nas mãos do povo. Os economistas, os republicanos e a sociedade americana e mundial já estão preocupados com a inflação em 2010 e além. Após abrir a torneira a todo vapor, quem vai enxugar a inundação da água no futuro?
Mas Bernanke e Obama acham que uma eventual inflação é um preço que vale a pena pagar para evitar o desastre da depressão.
O trabalho dos bombeiros é apagar o incêndio antes do fogo se espalhar por toda a vizinhança sem se preocupar com a inundação da água no bairro. Um ditado chinês: curar a dor de cabeça se tem dor de cabeça; curar a dor da perna quando se tem dor da perna. Uma coisa por vez! (one at a time!)

terça-feira, 24 de março de 2009

Abrir a torneira

Em 18/03/2009, o Federal Reserve (FED) anunciou a compra de US$ 1 trilhão de treasury bond (T-Bond) e papéis do mercado hipotecário. A injeção extra desde tamanho tem como objetivo dar liquidez e ânimo à economia, destravando os ainda congelados mercados de crédito que limitam os empréstimos para os consumidores e empresas.
Imediatamente o juro do T-Bond de 10 anos baixou de 3% para 2,5%. E o preço subiu 14/32, atingindo 102 6/32. O preço e o juro do T-Bond sempre reagem em direções opostas.
A medida é de desespero, equivale a imprimir dinheiro, dar para quem quiser ou necessitar: bancos, indústrias automobilísticas, mortgage, desempregados, fornecedores e consumidores.
Na hipótese de que a economia americana será inundada em dólar, minha previsão é de que o dólar se enfraquecerá eventualmente. Neste cenário o investidor pode e deve comprar ações brasileiras em ADR e ganhar duplamente com a valorização das ações e a desvalorização do dólar (além de não se sujeitar ao imposto de renda de 15% sobre o ganho!)

terça-feira, 17 de março de 2009

A taxa de juro mexicana

Após um corte no juro Selic de 1%, de 13,75% para 12,75%, o Banco Central, em 11 de março de 2009, reduziu novamente a taxa de juro para 11,25% (- 150 basis points).
Existe o dilema tradicional entre o Banco Central e o Ministério da Fazenda:
O Banco Central, observando a expansão dos gastos,
imaginava: “Bom, não vou poder ser muito agressivo porque já está acontecendo uma expansão agressiva do lado fiscal”.

O Ministério da Fazenda: “Bom, este BC é muito conservador. Vou ter que compensar do lado de cá com uma política fiscal mais expansionista”.

Armínio Fraga Neto, ex-presidente do BC, acha que o ideal seria um pouco mais de cautela do lado fiscal e o aproveitamento do espaço para redução dos juros. “Esta combinação é muito virtuosa, melhor do que o oposto”. Ele vê possibilidades de sucesso em uma política que combine ousadia na área monetária e conservadorismo no campo fiscal.
“Hoje há claras perspectivas de o Brasil alcançar, nos próximos meses, taxa real de juros de 2% a 4%, no nível de países emergentes como México e Chile”, ele conclui.

(ver artigo, neste blog, “O corte de juro”, de 11/11/2008)

terça-feira, 10 de março de 2009

Celular

Até hoje consegui viver a minha vida sem um aparelho de telefone celular. Primeiro porque não quero ser localizado. Segundo, você tem que carregá-lo dia e noite. De dia, no bolso; à noite, na tomada.
Admito que o celular seja uma grande invenção. A juventude fala pelo celular sem parar, na rua, no shopping; gritando, sorrindo, com um ar de tranqüilidade e alegria. O celular é um símbolo de “status”. Se os seus colegas e amigos falam pelo celular a toda hora, você fica com vergonha se deixar de tê-lo.
Meu professor de tênis não tem telefone em casa, mas carrega o seu celular para a quadra de tênis. Às vezes está com uma mão na raquete e a outra no celular. Todos os membros da minha família têm celulares. Eles se comunicam entre si e eu tenho a conveniência de localizá-los a qualquer momento do dia quando quiser.
O fato de eu não ter um celular não me impede de ter investimento em companhias de celulares. Tenho ações ON da Vivo Participações (VIVO3) desde o ano 2000 quando era denominada TSPP3.
Os balanços da companhia sempre registraram prejuízo. Em 2007, o prejuízo do exercício foi de R$ 99,8 milhões.
Em 13/02/2009 foi divulgado o balanço encerrado em 31/12/2008, com um lucro líquido de R$ 389,7 milhões.
Em meados de outubro de 2008 a companhia fez um agrupamento de ações de 4 para 1. Desde então o papel subiu 50%. Como meu investimento é de longo prazo, quer ver se a perseverança ainda vai vingar.

terça-feira, 3 de março de 2009

Protecionismo dos Estados Unidos

Na primeira semana de fevereiro, 2009, o governo americano vinculou a concessão de verbas do plano de incentivo à economia à compra de produtos siderúrgicos (ferro e aço) produzidos nos Estados Unidos para obras de infra-estrutura.
O grito mundial contra o protecionismo foi imediato. Cinco organizações internacionais – Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial (BIRD), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) e Organização Mundial do Comércio (OMC) fizeram um alerta contra o protecionismo como receita para superar a crise.
Claro, o Brasil é o primeiro a cantar no coro. No Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, o Ministro Celso Amorim não descartou a possibilidade do Brasil se aliar à União Européia em um processo na OMC. O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que o governo está revendo estes mecanismos.
Os Estados Unidos esqueceu que não é o único país em recessão. Os Estados Unidos pensa que com o pacote de estímulo poderá sair da recessão sozinho. Hoje o mundo é um só, recessivo ou próspero conjuntamente.
Além disso, protecionismo convida a retaliações. Se os Estados Unidos só compra “made in USA”, o mundo não comprará “made in USA” simplesmente.
Na primeira semana de fevereiro, a bolsa de valores já enxergou que essa cláusula de protecionismo não vai vingar. As ações de siderurgia, CSN, Usiminas, Gerdau (e Vale do Rio Doce) contribuíram substancialmente para a alta da Bovespa.