terça-feira, 29 de maio de 2012

O jogo de mahjong

Mahjong é o jogo mais popular da China e de outros países da Ásia.

Sentam-se quatro pessoas na mesa, cada uma pega suas cartas (pedrinhas), arrumam - as em seqüência, busca uma nova pedrinha substituindo outra e melhorando o perfil até se conseguir uma boa seqüência. Pronto, bateu, ganhou dos três companheiros. Pagam, o ganhador recebe, e o jogo prossegue.

Mahjong faz o jogador relaxar, esquecer os problemas da vida. O jogo tem uma função terapêutica.

Durante o jogo é possível observar se a pessoa é hesitante, gananciosa, calma ou nervosa. Muitas vezes, a sogra escolhe o genro pela forma inteligente que joga. Se é calmo, de bom comportamento, sem se queixar das cartas ou da vida; se ganha ou perde com dignidade e bom humor. Na semana seguinte, a dona de casa convida o rapaz para jogar na mesma mesa que a sua filha. No final, o jogo abre caminho para namoro e casamento.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Venda Descoberta

Jim Chanos, um investidor-especulador que é especialista em venda descoberta, alerta o mercado com as seguintes dicas: Petrobrás é uma ATM gigante para o governo brasileiro.

O governo, não a Petrobrás nem o mercado de petróleo, é quem determina os preços dos combustíveis. O governo protela o reajuste do preço da gasolina para não aumentar o índice de inflação, pouco importando o lucro da Petrobrás.

São alvos também para venda descoberta, as ações de bancos chineses, o ICBC, Bank of China, etc, dos quais o governo chinês é acionista majoritário. O Banco Central determina o requisito de reserva, o nível do compulsório e as taxas de juro (ultimamente o Banco Central do Brasil manda a Caixa Econômica e o Banco do Brasil cortar os juros, diminuindo o spread com a taxa Selic).

As políticas das empresas e dos bancos devem ser determinadas pelo mercado, não pelo governo. A obrigação primária dos dirigentes é com o lucro para os acionistas, longe das manobras do governo.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Sociedade de Consumo

Se, conforme Stephen Roach, citado no meu artigo anterior, a China está caminhando para se tornar uma sociedade de consumo (keynesiana), os investidores do mundo já estão atentos a esta transformação. Dos Estados Unidos, as exportações para a China, as aeronaves (Boeing) e equipamento de construção (Caterpillar) devem ter ritmo de crescimento menos acelerado e as vendas de soja e milho devem aumentar.

Do Brasil, as exportações para a China de minério de ferro, produtos siderúrgicos devem sofrer estagnação, e Brasil Foods, Marcopolo devem aumentar suas vendas para satisfazer a demanda dos consumidores. Para garantir acesso aos milhões de consumidores chineses, a Apple e a Walmart estão aumentando o número de lojas. É um negócio da China!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Entrevista com Stephen Roach

Stephen Roach, ex-chefe economista do Morgan Stanley, analisou a situação econômica e política da China numa entrevista na Bloomberg.

O Primeiro Ministro da China admitiu que a taxa de crescimento anual diminuiu para 7,5%, atingida pelo choque de demanda externa duas vezes nos últimos três anos – primeiro, dos Estados Unidos, e agora da Europa. A China deve mudar o modelo de crescimento para consumo interno. Essa transformação não será fácil pelo fato de que a política econômica orientada pela exportação tem sido um sucesso extraordinário nos últimos 32 anos.

Bo Xilai, membro do Poliburo, chefe do Partido Chongquing, advoga a ressurreição das empresas estatais e o poder do Estado em acelerar o crescimento econômico, em contraste com a reforma orientada para o mercado introduzido em 1990. Ultimamente, o governo central anunciou que a política do Partido Chongquing não é aceitável, e Bo Xilai foi para a rua.

Sobre a valorização do renminbi, que de fato subiu 30% desde 2005, Stephen Roach observou que embora o superávit chinês tenha diminuído a China ainda tem um grande superávit bilateral com os Estados Unidos. Isso é uma fonte de tensão contínua entre os dois países. Devemos lembrar que os Estados Unidos têm déficit comercial com 88 países. Não podemos culpar somente a China. Esse déficit comercial multilateral é devido ao fato de que os Estados Unidos deixam de poupar e dependem de importação de capital e poupança para crescer. Devemos deixar o mercado determinar os valores das moedas e reconhecer que a economia americana pós-crise precisa de uma nova fonte de crescimento. Exportação deveria ser a mais importante fonte de crescimento e a China é o nosso terceiro maior mercado de exportação. Devemos ter melhor acesso ao mercado chinês, especialmente quando eles se transformarem em uma sociedade de consumo. A China deve investir em infra-estrutura nas regiões central e oeste, para redistribuição de emprego, onde o salário é mais baixo. E a produtividade tem aumentado o suficiente para compensar o aumento de salário. Portanto a China continua muito competitiva. A China tem política consciente de aumento de salário, incrementando a renda pessoal para consumo.

É impressionante como a China opera com estratégia. Plano de 5 anos (já é o décimo segundo plana de 5 anos) é o roadmap (guia) de como eles querem dirigir a economia. Eles prometem e eles entregam.