segunda-feira, 28 de abril de 2008

Dilema para o Banco Central

No artigo anterior falamos sobre o dilema do Federal Reserve. Agora o nosso Banco Central também tem o seu dilema.
O FED na sua próxima reunião deve reduzir o juro em 0,25% ou 0,50%. Ao mesmo tempo, com a inflação em aceleração, os economistas brasileiros já estão especulando um aumento do juro Selic de 11,25% para 11,50% ou 11,75%. Se os juros americanos e brasileiros andam na direção oposta, o “spread” maior provocaria mais valorização do real. Ultimamente o Banco Central já anda comprando dólar para frear a subida do real e manter o superávit comercial (exportação vs. importação). É uma tarefa difícil aumentar o juro para frear a inflação e ao mesmo tempo manter a moeda estável favorecendo as exportações. A contínua valorização do real também cria desemprego (se os calçadistas em Novo Hamburgo, RS, não conseguem exportar os calçados, perdendo competitividade para a China, por exemplo).

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O Dilema do Federal Reserve

Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, testemunhou no dia 27/02/08 no Congresso Americano sobre o dilema do banco central. Por um lado o mercado financeiro continua a sofrer uma tensão considerável, a perspectiva para a economia é baixa e o tratamento correto é baixar o juro. Por outro lado, a inflação tem subido e o remédio ortodoxo seria um aumento no juro.
Até este momento, o FED tem escolhido cortar juros, apostando que a inflação será moderada. Mas se a inflação persistir, o dilema do FED engrossa. O quê Bernanke faria?
Não dá para ler a mente de Bernanke? Mas, baseado no seu trabalho acadêmico publicado sobre “Great Depression”, onde um recém criado FED tinha um dilema semelhante, Bernanke escreveu que o FED piorou o que teria sido apenas uma recessão ordinária começando em agosto de 1929. O FED ignorou os problemas graves no sistema bancário e manteve juros altos para o ouro não fugir para o exterior.
Ninguém é Deus. Todo mundo pode errar, inclusive o FED. Para a recessão não tornar-se uma depressão, Bernanke prefere errar pela queda de juro. Se a inflação em alta persistir, eventualmente o FED será forçado a elevar o juro. Uma coisa de cada vez. Não dá para baixar e aumentar o juro ao mesmo tempo. *
Bernanke está consciente do papel do Banco Central como fornecedor de último recurso para prevenir a expectativa de colapso do sistema financeiro.
Agora com o juro de 2,25%, os economistas acham que há pouco espaço para cortes adicionais de juro. Como o corte de juro leva de seis a doze meses para fazer efeito, eles recomendam a atitude de “wait and see”.
Um “side effect” da queda de juro é a desvalorização do dólar. Com o juro em real de 11,25%, os investidores/especuladores continuam a preferir a nossa moeda.

* um provérbio chinês diz: “tratar a cabeça quando tem dor de cabeça; tratar os pés quando tem dor nos pés”.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Petrochina

Em outubro último, Petrochina, que é negociada na bolsa de Shanghai, atingiu o valor “surreal” de capitalização de mercado de US$ 1 trilhão. Esta cifra equivale ao PIB da Índia e ultrapassa em US$ 600 bilhões o valor da ExxonMobil. De 2003 até novembro de 2007 as ações da Petrochina subiram 7 vezes. Warren Buffett vendeu as suas 2,3 bilhões de ações em outubro último, no topo do mercado.
Agora a situação mudou. Petrochina teve de pagar US$ 100 por barril de petróleo no mercado internacional para suplementar a deficiência da produção doméstica. Ao mesmo tempo, por ordem do governo para subsidiar os preços do combustível para os consumidores domésticos, os preços da gasolina e do diesel refletem US$ 60 por barril de petróleo. O governo está preocupado com a taxa anual de inflação de 7,1%.
Este filme a gente já viu muitas vezes ao redor do mundo. Os meus leitores imediatamente ficam alertados, e a primeira palavra que vem à mente é “Petrobrás”. Será que a mesma coisa vai acontecer com Petrobrás?
Ou já está acontecendo?
Para qualquer governo, controle de inflação é prioritário. Mais lucro ou menos lucro na Petrobrás é assunto secundário.
Um consolo: “a ação que mais sobe é a ação que mais cai.” Nos últimos quatro meses Petrochina caiu 40% (em Shanghai e Hong Kong) após ter subido 700% em quatro anos. Como Petrobrás não subiu 700%, a queda deve ser menos violenta do que 40%.
Petrochina é um bom “case study”, um bom paralelo com a nossa Petrobrás.
Comentários?

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Superfundo para o Brasil

A aprovação da Instrução 465 da CVM, que permite a aplicação de até 100% do patrimônio no exterior em fundos voltados para investidores super qualificados – investimento acima de R$ 1 milhão – já está atraindo o interesse de alguns gestores estrangeiros que se preparam para oferecer seus produtos no Brasil.
É o caso da austríaca Superfund, que possui US$ 1.6 bilhão sob sua gestão, e investe no mercado futuro de commodities, agrícolas e metálicas, e em ativos financeiros como moedas, juros, bônus e índices de ações.
Segundo o representante da gestora no Brasil, Lance Reinhardt, há interesse em estabelecer parceria com os principais bancos brasileiros para distribuição de seus fundos para os investidores brasileiros.
Reinhardt acredita que os preços das commodities devem continuar com tendência de alta nos próximos 10 anos. Os mercados geralmente têm ciclos de 20 anos, em que ora o mercado de ações está aquecido e o de commodities está mais fraco e vice-versa. Desde 2003 os preços das commodities estão com tendência de alta, desfrutando da liquidez do mercado e da demanda aquecida (leia-se China).
Ele afirma que a inflação americana deve aumentar, pressionada pela elevação do preço do petróleo e pela queda da taxa de juros. (Ele recomenda a compra de ouro). Porém o aprofundamento da recessão americana vai depender da eleição presidencial. Se os republicanos vencerem, é provável que os Estados Unidos declinem para uma significativa recessão. Já se os democratas forem eleitos e reestruturarem os gastos federais (Hillary Clinton quer parar a guerra do Iraque) a economia deverá se recuperar no médio prazo.