terça-feira, 1 de maio de 2012

Entrevista com Stephen Roach

Stephen Roach, ex-chefe economista do Morgan Stanley, analisou a situação econômica e política da China numa entrevista na Bloomberg.

O Primeiro Ministro da China admitiu que a taxa de crescimento anual diminuiu para 7,5%, atingida pelo choque de demanda externa duas vezes nos últimos três anos – primeiro, dos Estados Unidos, e agora da Europa. A China deve mudar o modelo de crescimento para consumo interno. Essa transformação não será fácil pelo fato de que a política econômica orientada pela exportação tem sido um sucesso extraordinário nos últimos 32 anos.

Bo Xilai, membro do Poliburo, chefe do Partido Chongquing, advoga a ressurreição das empresas estatais e o poder do Estado em acelerar o crescimento econômico, em contraste com a reforma orientada para o mercado introduzido em 1990. Ultimamente, o governo central anunciou que a política do Partido Chongquing não é aceitável, e Bo Xilai foi para a rua.

Sobre a valorização do renminbi, que de fato subiu 30% desde 2005, Stephen Roach observou que embora o superávit chinês tenha diminuído a China ainda tem um grande superávit bilateral com os Estados Unidos. Isso é uma fonte de tensão contínua entre os dois países. Devemos lembrar que os Estados Unidos têm déficit comercial com 88 países. Não podemos culpar somente a China. Esse déficit comercial multilateral é devido ao fato de que os Estados Unidos deixam de poupar e dependem de importação de capital e poupança para crescer. Devemos deixar o mercado determinar os valores das moedas e reconhecer que a economia americana pós-crise precisa de uma nova fonte de crescimento. Exportação deveria ser a mais importante fonte de crescimento e a China é o nosso terceiro maior mercado de exportação. Devemos ter melhor acesso ao mercado chinês, especialmente quando eles se transformarem em uma sociedade de consumo. A China deve investir em infra-estrutura nas regiões central e oeste, para redistribuição de emprego, onde o salário é mais baixo. E a produtividade tem aumentado o suficiente para compensar o aumento de salário. Portanto a China continua muito competitiva. A China tem política consciente de aumento de salário, incrementando a renda pessoal para consumo.

É impressionante como a China opera com estratégia. Plano de 5 anos (já é o décimo segundo plana de 5 anos) é o roadmap (guia) de como eles querem dirigir a economia. Eles prometem e eles entregam.

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