terça-feira, 23 de novembro de 2010

Payday Nation

Pior do que a taxa de juro anualizada de 333,8% descrita no artigo anterior “Parcele a sua fatura”, descobri um artigo no Business Week intitulado “Payday Nation”.
Eaton montou um negócio com o nome “Check Chashing Inc.”, funcionando num escritório dentro de um posto de gasolina, no estado do Tennessee, U.S.A. Ele empresta dinheiro-cash para pessoas que precisam de um “bridge” até o final do mês quando receberão os seus salários. O faxineiro precisa hoje de US$ 100, pagaria US$ 120 no final do mês. Outro cliente precisa de US$ 100 para comprar uma bicicleta para o aniversário da sua filha.
O negócio de “loan shark” prosperou. “Advance América”, “Check into cash”, “Moneytree” e outros proliferaram em diversos estados, como South Carolina, Mississipi, Nevada. Até o ano 2000, 23 estados americanos legalizaram o “Payday lending”. No seu pico, em 2006, existiam 24 mil lojas de “Payday” nos Estados Unidos, mais do que a soma das redes McDonalds e Burger King.
No final, a oposição era inevitável. Jean Ann Fox, diretora do “Consumer Federation of América” alertou que a lei “Truth in Lending Act”, de 1968, obriga qualquer negócio a expressar o custo do empréstimo, não apenas em dólar, mas também em taxa de juro anualizado (annual percentage rate – APR). Juro de $ 15 por $ 100 (limite permitido em Ohio e Washington) tem APR de 391%. No Arkansas, o limite de $ 21 por $ 100 de empréstimo tem APR de 546%. Em Indiana, juro de 33% por $ 100 tem o equivalente a 858% para um bridge loan de 2 semanas.

33/100 X 52 semanas/2 semanas = 33% X 26 = APR de 858%

Os “loan sharks” escondem o cálculo; mas a matemática não mente.

Cuidado com os bancos e os cartões de crédito que oferecem “Parcele a sua fatura”. Eles prosperam explorando as pessoas em momento de desespero.
A televisão brasileira está cheia de anúncios de geladeira, televisão por R$ 199 por mês, sem mencionar quantos meses, taxa de juro, muito menos APR.

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