quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Europa, China, USA e Brasil

Em uma entrevista de Charlie Rose, jornalista da Bloomberg, com Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial, o assunto foi sobre como a Europa pode finalmente superar a crise.
Charlie Rose: Os políticos europeus sempre reagiram tarde demais e prometeram um euro a menos. Esse cenário vai mudar finalmente?
Robert Zoellick: A Europa precisa de um forte sistema bancário, especialmente a Espanha. Se os bancos têm capital suficiente, o Banco Central Europeu terá liberdade adicional de colocar mais dinheiro nos bancos. Espanha e Itália estão fazendo reformas para controlar os déficits. Mas reformas estruturais como pensão e mercado de trabalho levam tempo para mostrarem os benefícios. O custo de rolar as dívidas (Espanha, em particular) subiu. A Europa precisa assegurar que os países continuem a rolar as debêntures durante o período de reformas. A Alemanha tem sido correta em enfatizar a necessidade desses países de fazer reformas fiscais e estruturais, mas eles precisam de suporte durante o processo.
Charlie Rose: Você não acha que a Europa deve olhar e pensar nas idéias de Alexander Hamilton?
Robert Zoellick: O que Hamilton fez quando os Estados Unidos foram criados foi assumir as dívidas dos estados após a guerra revolucionária. Mas após essa “one-time” assunção, os estados tiveram que ficar em pé com suas próprias pernas e obedecer à disciplina de mercado.
Charlie Rose: O Banco Mundial recentemente rebaixou a perspectiva da economia global. Qual é a sua opinião sobre o mundo desenvolvido e os países emergentes?
Robert Zoellick: Ultimamente, a China desacelerou um pouco, em parte afetada pela Europa. Não acho que a China terá um “hard landing”, mas a aterrissagem será um pouco desequilibrada. Nos Estados Unidos, a não renovação da redução de impostos no fim de 2012 terá um efeito negativo sobre a expectativa da economia americana. Sem dúvida, estamos num período frágil da economia internacional.
Uma observação minha:
A tormenta européia está passando. Na China, a inflação em julho foi a mais baixa dos últimos 30 meses, permitindo ao governo tomar mais medidas de estímulo (inclusive a queda de juro) para acelerar o crescimento. As empresas americanas aumentaram a oferta de emprego, e o FED acha necessário o estimulo monetário (QE3). A economia continuará crescendo, embora lentamente, nos três meses até a eleição presidencial.
No Brasil, sexta-feira, 10 de agosto, a Bovespa subiu 3,5% na semana, 5,7% no mês, e 4,5% no ano, superando a remuneração da renda fixa, que é definida segundo a taxa básica de juro, atualmente em 8% ao ano.
Os contratempos são momentâneos. No longo prazo, continuo otimista com o mundo e o Brasil.

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