terça-feira, 28 de agosto de 2012

Pemex e o futuro do México

Quando foi descoberto em 1976, o offshore campo de petróleo Cantarell, do México, era um dos maiores do mundo, e rapidamente tornou-se um “money machine” para a Petróleos Mexicanos (Pemex), a gigantesca companhia petrolífera estatal. Graças a esta bonança o México tornou-se um dos principais fornecedores de petróleo dos Estados Unidos, e a Pemex a maior fonte de receita de imposto do governo. Cantarell justificou a expulsão das grandes companhias petrolíferas inglesas e americanas, em 1938, do México, bem como a sua política de proibir investidores estrangeiros de explorar e produzir no país. A proibição de investimento estrangeiro na Pemex está consagrada na constituição mexicana.



Hoje, porém, a produção da Cantarell está diminuindo. A produção total da Pemex caiu de 3,4 milhões de barris em 2004, para 2,5 milhões de barris no ano passado. Embora a Pemex estime uma reserva de 27 bilhões de barris não explorados, ela se preocupa com a carência de experiência e tecnologia de exploração. Ela não encontrou petróleo comercialmente viável após 20 tentativas. A Pemex perdeu $ 7,4 bilhões no ano passado, seu quinto prejuízo anual consecutivo.


O Presidente eleito Enrique Pena Nieto, declarou que reorganizar a Pemex será sua prioridade. Seu partido PRI (Partido Revolucionário Institucional) quer investimento estrangeiro nas atividades de exploração e desenvolvimento da Pemex. Ele reconhece que este é um passo a frente, tão extraordinário quanto a NAFTA (North American Free Trade Agreement, implementado em 1994, entre Canadá, U.S.A. e México). A NAFTA impulsionou um aumento de venda de 600% do México para os Estados Unidos.

A ExxonMobil acha que o México deve abrir a porta para “partnerships” e colaboração para trazer tecnologia. “O interesse internacional será enorme, similar ao Iraque“, disse Jeremy Martin, especialista de petróleo do Institute of the Américas in La Jolla, Califórnia.


A abertura no setor petrolífero pode aumentar o GDP mexicano em 0,8% ao ano, criando uma era de baixo custo de energia para os consumidores. A transformação da Pemex mudará a psicologia do México. Eventualmente, como em um efeito dominó, desapareceriam os monopólios e duopólios em geração de energia, telecomunicações, televisão a cabo, etc, que tanto encarecem a vida dos mexicanos.

Embora o partido do Presidente (PRI) não tenha dois terços de votos no Congresso para mudar a Constituição, o partido de oposição, National Action Party (PAN) está disposto a apoiá-lo.


A opinião pública também começa a mudar a favor da transformação da Pemex.

O sucesso do Brasil em transformar a indústria petrolífera e dominar a arte de “deepwater drilling” faz os mexicanos questionarem porque a Pemex não pode fazer a mesma coisa.


Presidente Pena Nieto já está pavimentando o caminho de mudança constitucional antes de tomar posse no dia 1 de dezembro. Ele está discutindo com o poderoso sindicato dos trabalhadores da Pemex que tradicionalmente apóia o partido. “Mais investimento significa mais emprego”, disse o líder do sindicato dos trabalhadores da Pemex. “Sempre haverá quem é contra a abertura do setor para investimento estrangeiro, mas no final do dia, eles topam a parada”, disse Jorge Chabat, professor de ciências políticas do Centro de Pesquisa Econômica, na Cidade do México.

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