segunda-feira, 21 de abril de 2008

O Dilema do Federal Reserve

Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, testemunhou no dia 27/02/08 no Congresso Americano sobre o dilema do banco central. Por um lado o mercado financeiro continua a sofrer uma tensão considerável, a perspectiva para a economia é baixa e o tratamento correto é baixar o juro. Por outro lado, a inflação tem subido e o remédio ortodoxo seria um aumento no juro.
Até este momento, o FED tem escolhido cortar juros, apostando que a inflação será moderada. Mas se a inflação persistir, o dilema do FED engrossa. O quê Bernanke faria?
Não dá para ler a mente de Bernanke? Mas, baseado no seu trabalho acadêmico publicado sobre “Great Depression”, onde um recém criado FED tinha um dilema semelhante, Bernanke escreveu que o FED piorou o que teria sido apenas uma recessão ordinária começando em agosto de 1929. O FED ignorou os problemas graves no sistema bancário e manteve juros altos para o ouro não fugir para o exterior.
Ninguém é Deus. Todo mundo pode errar, inclusive o FED. Para a recessão não tornar-se uma depressão, Bernanke prefere errar pela queda de juro. Se a inflação em alta persistir, eventualmente o FED será forçado a elevar o juro. Uma coisa de cada vez. Não dá para baixar e aumentar o juro ao mesmo tempo. *
Bernanke está consciente do papel do Banco Central como fornecedor de último recurso para prevenir a expectativa de colapso do sistema financeiro.
Agora com o juro de 2,25%, os economistas acham que há pouco espaço para cortes adicionais de juro. Como o corte de juro leva de seis a doze meses para fazer efeito, eles recomendam a atitude de “wait and see”.
Um “side effect” da queda de juro é a desvalorização do dólar. Com o juro em real de 11,25%, os investidores/especuladores continuam a preferir a nossa moeda.

* um provérbio chinês diz: “tratar a cabeça quando tem dor de cabeça; tratar os pés quando tem dor nos pés”.

Nenhum comentário: