terça-feira, 30 de março de 2010

A dívida americana

Apesar da taxa de juro estar em patamar historicamente baixo o governo americano continua vendendo os papéis do Tesouro (bills, notes, bonds) sem problema algum. Mas com a dívida federal projetada para igualar o GDP anual em 2011/2012, os investidores podem repentinamente perder a confiança na América e demandar juros mais altos para compensar os riscos.
Se o governo tem que pagar juros mais altos para financiar o seu déficit, ele tem que cortar gastos ou aumentar impostos (como a Grécia ultimamente). A primeira solução é politicamente impopular; a segunda fere a confiança do mercado. Se o mercado concluir que o governo não tem determinação firme em cortar o seu déficit, o mercado pode entrar em pânico, puxar a taxa de juros mais para cima e o governo arcar com mais pagamentos de juros, aumentar mais o déficit, num ciclo vicioso e perigoso.
Cortar gastos não é uma tarefa fácil, enquanto a economia não consegue absorver a grande massa de desempregados. Historicamente os economistas acham que as economias de primeiro mundo decrescem notadamente quando a dívida (em percentual do GDP) excede 90%. O limite para os Estados Unidos pode ser mais do que 90%, permitindo que o país respire mais alguns anos.
Dois economistas americanos mais otimistas enxergam alguma “virtude” na inflação, argumentando que a inflação dilui o valor real da dívida do governo. Absurdo? Talvez não, mas é arriscado. Os investidores do mundo podem cair fora se sentirem que o governo deixou a inflação subir de propósito. A globalização faz a transferência de dinheiro para outros países bem mais fácil do que há 50 anos. Como a crise financeira tem demonstrado, as coisas podem cair rapidamente no abismo.

Nenhum comentário: