terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dívida em dólar ou real

Durante o mês de setembro de 2010, diversas empresas brasileiras lançaram debêntures (bonds) em dólar, pagando juros baixos e depois aplicaram os reais no Brasil, rendendo juros altos. Por exemplo:

Braskem lançou US$ 450 milhões em bônus perpétuo. OSX
obteve empréstimo sindicalizado internacional de US$ 420 milhões. E o Banco do Brasil vai fazer uma captação de US$ 600 milhões em notas subordinadas de 10 anos.

Todas estas movimentações de contrair dívidas em dólar e aplicar em real causaram valorização excessiva do real que chegou a 1,64 por dólar em meados de outubro.

Moeda supervalorizada diminui as exportações e aumenta as importações, criando déficit comercial e desemprego. Nenhum país quer supervalorizar a sua moeda. Nem a China, muito menos o Brasil em ano eleitoral.

Em 19 de outubro, o governo brasileiro anunciou a elevação, de 4% para 6%, da tributação de aplicações de estrangeiros em ativos de renda fixa. O real desvalorizou 1,26%. A Bovespa caiu 2,6%, ficando abaixo de 70.000 pontos.

Endividar-se em dólar (embora com juros baixos) não deixa de ser um risco cambial. O real desvalorizou-se 31%, de 1,60, em junho de 2008, para 2,33 no final daquele ano, e quase quebrou a Sadia e outras empresas exportadoras que venderam contratos futuros de dólar, obtendo real para aplicações financeiras.

Todo mundo se endivida, um país, uma empresa, ou um indivíduo. Ao endividar-se em dólar ou euro, o risco cambial é imprevisível. Ao endividar-se em real, o indivíduo se afunda e se afoga, moralmente e financeiramente, com o juro daquele tamanho!

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