quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Rota da Seda

Como os Estados Unidos estão saindo da recessão, os investidores americanos não sabem de onde virá o próximo passo para o crescimento. Talvez eles devessem falar com Rubens Bisi, Diretor de Operações Internacionais da Marcopolo, o maior fabricante de ônibus do Brasil. Com as vendas crescendo 47% este ano, os ônibus Marcopolo cruzam as ruas e estradas da Argentina, Colômbia, México, Egito, Índia, China e África do Sul, onde foram vendidos 460 ônibus para a Copa do Mundo.
Stephen King, Economista Chefe do HSBC, disse que a Marcopolo lidera uma nova “rota da seda”, uma versão do 21º centenário de uma rota de comércio que há 2 mil anos ligava o comércio da China com a Índia, Arábia e o Império Romano. A nova rota da seda converge consumidores e companhias globalmente na América Latina, Arábia, Ásia e África, criando
$ 2,8 trilhões de comércio de acordo com a Organização Mundial de Comércio (WTO).
Os mercados emergentes crescerão neste ano e no próximo, três vezes mais rápido do que os países desenvolvidos. Os mercados emergentes, com os comércios ligados entre si, são protegidos das piores devassas do mundo desenvolvido. WTO estima que o comércio “intra-emergentes” cresceram 18% entre 2000 e 2008, bem mais do que o comércio entre as nações emergentes e as desenvolvidas.
Enquanto os países desenvolvidos procuram achar seus lugares na nova rota da seda, o jogador de peso é a China. A exportação da China para o mundo emergente ocupava 9,5% do GDP em 2008, comparado com 2% em 1985. No mês passado, Saudi Railways Organization comprou 10 locomotivas da China South Locomotive & Rolling Stork. Mecca-Medina Rail contratou a China Railway Group, de Beijing. Huawei Technologies, a maior fabricante de equipamentos telefônicos, investiu $ 500 milhões num centro de pesquisa em Bangalore. China Mobile, a maior companhia telefônica, vai investir na África.
Índia e Brasil avançam também. Tata Group era o maior investidor na África sub-sahara nos seis anos até 2009. Vale do Rio Doce investiu em três projetos de cobre na Zâmbia e Congo. Em abril a Vale concordou em pagar
$ 2,5 bilhões por uma mina de ferro na Guinea.
Os negócios sempre foram tratados em dólar e euro, mesmo quando os Estados Unidos ou a Europa não estavam envolvidos. Hoje as companhias dos mercados emergentes estão mais dispostas a aceitar real, rupee e Yuan. “Se as economias dos países emergentes continuam a prosperar”, disse Kieram Curtis, consultor de investimento em Londres, “há potencial de mais apreciação das moedas contra as moedas da velha guarda.”
Com o comércio aquecido, vem a concorrência. Embraer, Empresa Brasileira da Aeronáutica, com um terço dos pedidos vindos dos clientes de mercados emergentes, comparado com 1% em 2005, está enfrentando a luta com Sukhoi, da Rússia e Comercial Aircraft Corp., da China. O tráfico na Rota da Seda está cada vez mais congestionado.

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