terça-feira, 27 de maio de 2014

Sabesp ON


Sabesp ON faz parte da minha carteira de ações. O papel, após a bonificação (3 por 1) em 23/04/2013, caiu de R$ 31,75 (máxima) para R$ 19 (mínima) recentemente. Essa queda de 40% é atribuída aos seguintes motivos:

Primeiro: após o governo federal tabelar os preços da gasolina e diesel da Petrobrás, o governo de São Paulo fez a mesma coisa com a tarifa de água.
Segundo: desde o início de 2014 falta chuva no Estado de São Paulo. Os reservatórios de água (Cantareira, etc.) estão no nível mais baixo historicamente. Sabesp já anunciou medidas drásticas como incentivo monetário para consumidores que reduzirem o consumo, e até racionamento de água se a seca persistir.

Na semana passada, a empresa publicou o balanço do 1º trimestre de 2014, com lucro líquido de R$ 477,6 milhões, 3,7% menor do que o 1º trimestre de 2013. O resultado foi melhor do que a expectativa do mercado. No dia seguinte (16/05/2014) o papel fechou com uma alta de 5% e mais 2,7% no dia 19 de maio.

Estou segurando o papel a longo prazo. Sabesp é monopolista, e seu lucro futuro é garantido. Um dia vai chover em São Paulo e o abastecimento de água voltará ao normal.


Sem cerveja a gente toma água ou suco; sem gasolina e diesel, a gente anda a pé ou de bicicleta. Todos têm substitutos e alternativas. Mas sem água, a raça humana não sobrevive.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Eleições versus Petrobrás

Depois de eleita Presidente em 2011, Dilma Rousseff estimulou o crescimento da economia com medidas de aumento de gastos públicos e salário mínimo além de mais empréstimos de bancos estatais. A inflação resultante foi atacada não pelo aumento de juros, mas pelo corte de imposto sobre vendas e pelo congelamento dos preços dos alimentos, gasolina e tarifa de ônibus, que têm grande impacto sobre o índice da inflação. Pesquisas de opinião pública em março de 2013 indicaram taxa de aprovação de 79% para a Presidente que será claramente a favorita para ganhar a eleição presidencial em 2014.

Mas a estagnação de crescimento acabou atingindo o bolso dos cidadãos brasileiros. As sucessivas altas de salário meramente acompanham a inflação. Endividado, o povo corta os gastos. A confiança do consumidor está caindo e a maior preocupação do povo é a continuação da subida dos preços.

No dia 9 de maio a Datafolha divulgou uma nova pesquisa indicando a realização de segundo turno nas eleições. Nas redes sociais, tucanos comemoraram o crescimento de Aécio Neves (PSDB), apesar dele ainda estar a 17 pontos atrás da Presidente Dilma. Os números de sondagem são compatíveis com a realidade do momento: a Presidente Dilma perdeu popularidade, mas se mantém em primeiro lugar, com 37% de intenções de voto. Como Eduardo Campos (PSB) tem 11% e os candidatos de outros partidos somam 7%, a cinco meses da eleição a pesquisa mostra que são reais as chances de segundo turno, o que é absolutamente natural.

O desgaste do PT é inevitável depois de 11 anos e 4 meses de governo. Dilma está sob ataque por conta do aumento da inflação e da crise da Petrobrás.

Entre os investidores da bolsa, a conversa foi: porquê a queda de popularidade de Dilma coincide com a ascensão de preços de Petrobrás? Esse fato demonstra claramente que os investidores não gostam de Dilma pelo o que ela fez com Petrobrás (e o resto do mercado) e aspiram à derrota de Dilma pela coligação dos partidos de oposição.


É interessante continuar acompanhando as pesquisas eleitorais que virão pela frente e a performance de preços das ações da Petrobrás. Gostaria de saber a opinião dos leitores do blog. Se essa coincidência vai continuar até a data da eleição.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Arte e Música

Há algumas semanas assisti, no cinema do Barra Shopping, em Porto Alegre, o Ballet Nutcraker Suíte, de Tchaikovsky, em transmissão ao vivo, direto do Royal Opera House, de Londres. A performance começou às 19h em Londres (15h em Porto Alegre). Quer dizer, você não precisa viajar até Londres para o evento. O Ballet chega até você. Anunciou-se que nos meses seguintes haverá outros concertos, sinfonias e óperas. Todos com transmissão ao vivo. Gostei muito dessa nova experiência. Maomé não vai a montanha; a montanha vai a Maomé.


Para quem gosta de arte e música clássica, recomendo o canal 53 da NET. Arte: Caravaggio, Leonardo da Vinci, Monet, Renoir, VanGogh, etc. Música clássica: Mozart, Beethoven, Rachmaninov, Gershwin, etc. A maioria dos canais da NET exibem filmes de violência, notícias de corrupção, mensalão e crimes. O canal 53, embora às vezes com programas repetitivos, oferece momentos de tranqüilidade, alegria e peace of mind.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Reflexões sobre 60 anos de investimentos


No meu artigo “Giant state-owned firms have fallen back out of fashion” (3/10/2013), concluo dizendo que “após refletir sobre esse artigo, cheguei à conclusão de que deveria realizar prejuízo com as minhas ações de Petrobrás e Banco do Brasil’”.

Lamentavelmente não vendi nem Petrobrás nem Banco do Brasil por pura inércia. Em 1/11/2013, Banco do Brasil atingiu 29,70. Não dei a ordem de venda para o meu corretor. Não tive coragem de realizar prejuízo, ou eu estava esperando que o papel subisse um pouco mais. Três meses depois o papel caiu 30%, para 20,82. Saber o que se deve fazer é uma coisa, determinação para fazê-lo é outra. Indecisão, inércia, ganância ou estupidez. Se fosse um administrador de fundos de investimento, mereceria perder o emprego.

Durante 60 anos da minha carreira de investimento já desperdicei muitas oportunidades de compra e venda. Mas também segurei boas oportunidades de ótimos lucros. O evento mais memorável foi a compra de Petroquisa pelo preço abaixo do seu cash por ação e, posteriormente, fui remunerado com um dividendo astronômico quando a empresa fechou o capital.

Lucro ou prejuízo, na média o resultado foi positivo e satisfatório. Agora, porém, com o avanço da idade, o raciocínio mais devagar, a indecisão e a inércia mais freqüente, estou debatendo comigo se não está na hora de me aposentar, e pedir aos meus filhos e netos para cuidarem da administração dos meus investimentos.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Janeiro 2014 – A queda das bolsas

Todas as bolsas do mundo caíram bem no mês de janeiro de 2014. Estados Unidos, Europa, China. O Brasil é o campeão de queda. Bovespa caiu 7,5% em um singular mês. Subiram o valor do dólar, 2,4%, a taxa Seliq, para 10,5%, e a minha pressão sanguínea, além da glicose.

As bolsas americanas caíram em função da diminuição do estimulo econômico pelo Federal Reserve. As bolsas européias “tag along”, e em função da alta taxa de desemprego. A China caiu com a projeção de crescimento menos robusto (somente 7% ao ano). No Brasil o ambiente ainda é de pessimismo por conta da desconfiança em relação à gestão da economia pelo governo e da perspectiva de baixo crescimento da atividade. O governo da Dilma manobra os preços da gasolina e do diesel para frear a inflação, deixando a Petrobrás num beco sem saída. Petrobrás lidera a queda que atingiu todo o mercado. Responsáveis por 44% do giro da bolsa, os investidores estrangeiros vêm optando por sair do pregão brasileiro.

O cenário ruim deve continuar em 2014. Quando os Estados Unidos sobem, o Brasil cai. Quando os Estados Unidos caem, o Brasil cai mais ainda. Logo o mercado entra na fase de desespero, e desespero é o momento de reviravolta. Porém, eu, e a maioria dos investidores, não temos coragem nem cash para comprar mais ações para fazer média.

Minha lógica é bem simples: não comprar nem vender. “Stay put” com o portfolio atual, e viver com o dividendo. Mais cedo ou mais tarde, a tempestade passa.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A redução de estímulos pelo FED (escrito em 23 de dezembro de 2013)

Em 18/12/2013, às 17h (horário do Brasil), o Federal Reserve anunciou o corte dos estímulos federais de $10 bilhões (de $85 bi para $75 bi) por mês, a partir de janeiro de 2014, sinalizando que a economia americana vem se fortalecendo. FED expressou confiança na recuperação do mercado de trabalho. Imediatamente após o anúncio da decisão, o SP 500 subiu 1,7%, para 1811 pontos, e o Dow Jones subiu 1,9%, para 16172. Ambos os índices atingiram marcas históricas.

Também agradou o mercado a manutenção de juro baixo por mais tempo. A adoção de taxas de longo prazo moderadas é um dos tripés de FED. Os outros são emprego máximo e preços estáveis no mercado.

Como a decisão do FED só foi anunciada após o término do pregão brasileiro, o mercado esperava que o Bovespa melhorasse no dia seguinte. De fato, em 19 de dezembro, o Bovespa subiu 2,12%, atingindo 51633 pontos, o maior patamar desde 30 de novembro.

Em 2013, até a véspera de Natal, o Dow Jones tinha subido 25,5%, enquanto o Bovespa tinha caído 16%. Nos Estados Unidos a moeda está forte e o juro está baixo. No Brasil a moeda está fraca e o juro está alto. Nós investidores, estamos investindo no país errado? Tomara que o futuro prove que o meu pessimismo não se justifica.

Desejo um Feliz Natal aos amigos e leitores do meu blog. E que 2014 seja melhor que os últimos anos.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Consultas Médicas em Shanghai

Nos últimos dias de estadia em Shanghai, fiquei gripado, com tosse, catarro e olhos vermelhos. Meu primo levou-me a uma consulta médica no Hospital Universitário sem hora marcada. Um médico jovem me atendeu, disse que eu estava com rinite, uma doença que ocorre freqüentemente no fim do outono. Ele receitou os remédios, antibiótico e antiinflamatório, e disse que eu precisava consultar um oftalmologista e um otorrino, que ficavam na sala ao lado. Deram-me receitas de colírio para os olhos e um líquido vaporizante para o nariz. Os médicos me asseguraram que em uma semana eu estaria melhor e aliviado.

Nunca na minha vida tive a experiência de consultar três médicos em 30 minutos. A compra dos remédios na farmácia do hospital levou outros 30 minutos. Os atendimentos foram rápidos, sem fila, sem espera; os diagnósticos precisos. Eu saí aliviado do hospital, e confiante de que tudo daria certo.

A maior surpresa foram os custos: a três consultas custaram 10 renminbi cada, equivalente a 1,66 dólares. Os remédios custaram 400 renminbi. O gasto total foi 72 dólares.

Disseram-me que a consulta médica de 10 renminbi nem entra no bolso do médico que tem apenas um salário fixo. Suspeito que o médico chinês ganhe até menos do que o médico cubano. Os médicos chineses são serventes do Estado para o povo. Quem sabe um dia o governo brasileiro pode convidar médicos chineses para tratar a saúde do povo brasileiro (além dos médicos cubanos). 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Macau e os cassinos

Durante o mês de outubro de 2013, fizemos uma viagem para Hong Kong e Shanghai para visitar amigos e parentes. De Hong Kong fizemos uma excursão para Macau, antiga colônia portuguesa, agora território chinês. A viagem de hidrofólio levou uma hora e meia, desde o porto de Hong Kong até o desembarque no porto de Macau.

Macau é conhecida como a Las Vegas do Oriente. Todos os cassinos famosos de Las Vegas abriram filiais em Macau e o movimento atualmente supera as matrizes devido à presença dos chineses de Hong Kong, China e outros países asiáticos.

O nosso motorista de táxi era um imigrante da Manchúria. Ele fala mandarim, mas não fala o português. Ele é motorista de táxi e guia turístico há 7 anos e está contente com o seu trabalho. Explicou que com a sucessiva abertura e funcionamento dos cassinos, a taxa de desemprego em Macau é zero. Aliás, a taxa de desemprego é negativa, porque Macau precisa importar trabalhadores da China para a construção e o funcionamento dos cassinos (desde engenheiros até pedreiros, durante a construção e card dealers, garçons, guardas, faxineiros, etc, para os três turnos de 8 horas cada).

Taxa de desemprego zero, ou full employment eu não conheço em nenhuma outra parte do mundo.

Ademais, os cassinos atraem a abertura de restaurantes, lancherias, lojas e joalherias (Tiffany, Bulgari, Louis Vuitton) criando mais movimento e empregos.

O motorista de táxi é um homem bem organizado. Ele sugeriu o roteiro. Primeiro fomos visitar o Venetian, decorado com pinturas, esculturas e chandeliers no teto, e com lojas nos corredores. Quem se cansa de jogar pode passear de gôndola. Após o almoço ele fez um tour pela cidade, atravessando diversas pontes que interligam as ilhas e chegamos no cassino Wynn Resort. Caminhamos um pouco, descansamos no Starbucks tomando um café e retornamos ao cais de Macau para pegar o próximo hidrofólio para Hong Kong.


No caminho, pensei: porque não temos cassinos no Brasil? Lãs Vegas criou prosperidade em pleno deserto. Toronto, Panamá e Punta Del Leste, todos os cassinos aumentam empregos e os municípios e estados arrecadam impostos. O Congresso Nacional deve criar uma comissão para estudar a viabilidade de cassinos, e se os benefícios de empregos e impostos superam os defeitos sociais. O Congresso pode mudar a Constituição para permitir o funcionamento de cassinos no Brasil.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Giant state-owned firms have fallen back ou of fashion

The Economist (september 21, 2013) published an article which I think is of interest to my readers.
                                                
Back in 1987 the rock band Bon Jovi was top of the pops and the world’s third largest firm by value was Tokyo Electric Power (TEPCO), a utility in Japan few outside that conuntru had heard of. Today Bon Jovi is still churning out number one albums but TEPCO’s value has fallen by 90% and it is teetering on bankruptcy. It is now known around the world for the disaster at its nuclear power plant in Fukushima.

In 2009 the message was that America capitalism had lost the plot. Only three of the world’s ten most valuable listed firms were from America: Exxon Mobil, Walmart and Microsoft. A new species of big beast had reared its head: vast state-controlled oligopolies from emerging markets. Petrochina, China Mobile and ICBC and CCB (two chinese banks) were all in the top ten that year. Brazil had a star in the form of Petrobras. The year before Gazprom, a Kremlin – run racket masquerading as a corporation, had graced the list. Suddenly it seemed as if the best way to create a giant firm was not to innovate or win customers but to adorn a government bureaucracy with some of the trapping’s of a private firm, such as a stockmarket listing.

Today the picture is once again transformed. Nine of the ten most valuable firms are american. America’s share of the top 50 is rising too. Why? A perky stockmarket is partly responsible. The euro crisis has killed off any hope that more firms from the euro zone might scale the rankings.

Two deeper factors are also at play. First, America’s mix of resilience and renewal. Three of its biggest firms have their roots in the late 19th Century – Exxon, General Eletric and Johnson & Johnson. Their durability reflects their powerful corporate cultures. But the country still does creative destruction too. IBM and Intel have slid down the rankings to be replaced by Apple and Google. Second, the old rule that buying shares in state firm is investment suicide has reasserted itself. The world’s ten biggest state firms in 2009 have lost $ 2.2 trillion of value, or 60% from their peaks. Investors now award most state firms stingier valuations than their private peers. Gazprom is worth three times its profits (P/E = 3), versus Exxon’s multiple of 11. And although emerging economies have slowed, private firms are doing fine. In 2007 investors gorged on shares in Petrochina when it listed in Shanghai, briefly making it the only firm ever to be worh over $ 1 trillon. Now China’s hottest corporate property is Alibaba, a private internet firm plotting a huge flotation.

Government firms are unloved again. That is how it should be. Shortcomings of cosy state capitalism never went away. Petrochina’s ex-boss, is under investigation probably for graft. Gazprom wastes $ 40 billion a year through corruption and inefficiency. Minority investors in Brazil protest that Petrobras is building unprofitable oil refinaries and favouring local supplies, at politician”s behest.

These vast organizations are not going away; most still make huge profits, often boosted by cheap public funding. But governments must recognise that the slump in their valuations is a sign they are allocating capital badly. That is in no one’s interest. Petrobras has made a baby step by allowing outside shareholders to appoint a director, while China sometimes mutters about modest reforms of its industrial fiefs. But the hybrid model of a firm beholden to both investors and politicians is a full of contradictions as Karl Marx said capitalism was. Privatization is the best way to resolve these tensions.

Business people, at least, can now be a little less dazzled by state firms. To outlast the average pop star’s career, companies need a culture of innovation, financial discipline and, increasingly global reach. These are things only a few managers are able to deliver – and wich no government can.



Após refletir sobre este artigo, cheguei a conclusão de que eu deveria realizar prejuízo com minhas ações de Petrobrás e Banco do Brasil.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Desvalorização da moeda e inflação

Em 28 de agosto de 2013, o Banco Central aumentou a Selic de 8,5% para 9% (terceiro aumento sucessivo de 0,5%) para frear a taxa de inflação provocada pela depreciação da moeda. “Alta taxa de juro deve ajudar a controlar a inflação e levantar a confiança dos investidores”, disse o Fundo Monetário Internacional (IMF) num relatório na quarta-feira passada. O Banco Central deixa a porta aberta para mais reajustes na taxa em futuro próximo.

Não importa o que o Banco Central faz ou o IMF acha, eu estou sentindo a inflação em carne e osso. Alimentos, remédios, cigarros, jornal, aumentam de preço mensalmente ou trimestralmente (mais de 15% ao ano na média). Gás em botijão, água em garrafa, idem. Os serviços: o guarda da rua quer aumento anual de R$ 200 para R$ 230 (15%); a limpeza da piscina sofreu um reajuste de R$ 170 para R$ 200 (17,6%); o jardineiro reajusta o preço do serviço de vez em quando, ou diminui as horas de trabalho.

A importação de trigo com o real desvalorizado encarece o preço do nosso pão de cada dia. Uma lata de cerveja sobe de R$ 1,99 para R$ 2,39 (20%) alegando depreciação de moeda, embora o produto tenha pouco componente importado. Uma caipirinha de vodka Wyborowa (polonesa) sobre de R$ 17,00 para R$ 20 (17,6%), embora o copo contenha pouca vodka e bastante gelo e limão. Todos os comerciantes usam a desvalorização da moeda como pretexto para subir os preços.

Em outras palavras, a inflação do país sobre pari passu com o dólar. A gente ganha em real, mas gasta em dólar. Portanto, não adianta o governo depreciar a moeda, porque os preços sobem na mesma medida ou além!

O custo de vida no Brasil é mais caro do que nos Estados Unidos. O Brasil tem uma das maiores taxas de inflação do mundo provocada principalmente pela depreciação da moeda, e uma das maiores taxas de juro tentando contê-la.


Lamento que não será durante o resto da minha vida que verei o Brasil sair do status de país emergente para o de país desenvolvido.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A Taxa de Câmbio

Em 31 de julho de 2013, a taxa de câmbio comercial foi cotada a R$ 2,2758. Em 21 de agosto, o real depreciou para 2,4543, com queda de 7,28% em apenas 21 dias. Embora a desvalorização do real seja boa para os exportadores (como Marcopolo, Vale e as siderurgias), ela aumenta o preço dos produtos importados, contribuindo para a alta da inflação.

O Banco Central divulgou uma nota para tentar acalmar o mercado. A autoridade monetária afirmou que “a adequada condução da política monetária contribui para mitigar os riscos de depreciação cambial para a inflação”. Em outras palavras, “vamos subir o juro para combater a inflação”.

Este círculo vicioso de desvalorizar a moeda e aumentar o juro não pode continuar para sempre.

Em 22 de agosto, o dólar cedeu um pouco para R$ 2,4358. Mas em 23 de agosto, o dólar sofreu uma queda violenta de 3,5% para R$ 2,3502, sem nenhum motivo aparente. Diante dessa turbulência, os importadores e exportadores, os investidores domésticos e estrangeiros, estão todos perdidos, sem saber o próximo passo do Banco Central.

Teoricamente, juros altos atraem investidores estrangeiros a converter dólar em real para investir no Brasil. Mas diante da depreciação constante da moeda brasileira, os investidores se retraem. Em vez de trazer dólares para investimento, eles podem até pensar em se desfazer de investimentos e repatriar dólar para o país de origem. Os bancos dos países desenvolvidos, em vez de converter dólar para real para render juros altos no país, podem cessar e retirar as aplicações financeiras com medo de uma depreciação prolongada. O ganho em juro não compensa o prejuízo no câmbio.


Com o juro alto e depreciação cambial constante, os investimentos param; o consumo diminui; os protestos e greves proliferam, a economia entra em estagflação. Assim o Brasil não deixa de ser eternamente um país subdesenvolvido.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Os Protestos

Ao redor do mundo, as erupções de protestos são cada vez mais comuns. Iniciam com uma queixa ou incidentes sem maior importância. No Chile, os estudantes protestaram contra o alto custo da educação. Na Turquia o povo manifestou-se contra a intenção do governo de demolir um parque em Istambul. Em 2011, um vendedor de frutas na Tunísia, irritado pelo constante relaxamento das autoridades, se imolou com fogo e assim acendeu a chama de uma revolução que derrubou o ditador Abidine Ben Ali e iniciou as revoltas populares em todo o Oriente Médio. As demonstrações nas cidades chinesas protestavam contra as autoridades locais abusivas, corrupção ou água e comida contaminadas.

Como os governos reagiram aos protestos espontâneos, coletivos e caóticos? É interessante comparar as reações dos líderes do Brasil e da Turquia. Dilma Roussef deixou de denunciar e castigar os manifestantes e insistiu para que as reivindicações sejam atendidas e as mudanças feitas. Ela prometeu gastar bilhões na melhora do transporte público, lutar contra a corrupção oficial e propor um plebiscito nacional de reforma política. Em contrataste, o primeiro ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan insultou, ameaçou e atacou os manifestantes e denunciou que eles, banqueiros e poderes estrangeiros conspiraram contra seu governo islâmico.

Como ninguém consegue antecipar o começo dos protestos, é igualmente impossível adivinhar como e quando eles vão terminar. Em alguns países os protestos têm pouco impacto duradouro; em outros, eles produzem pequenas reformas cosméticas. Em outros lugares, particularmente no mundo árabe, os protestos derrubaram governos. Mas Brasil, Turquia e Chile não são Tunísia ou Egito. Os governos eleitos democraticamente são bem mais fortes e os líderes bem mais populares e seguros do que os ditadores da África do Norte. Chile é um exemplo de um país pobre que conseguiu vencer um passado turbulento e tornar-se um modelo de progresso econômico, desenvolvimento e democracia. Turquia, além de ser um milagre econômico, é admirada como ideal de um país onde leste e oeste, modernidade e tradição, Islão e democracia, podem coexistir pacificamente.

Então porque os cidadãos do Chile, Turquia e Brasil protestam nas ruas, em vez de celebrar o progresso óbvio dos seus respectivos países? A resposta está no livro escrito por Samuel Huntington, cientista político de Harvard - Political order in changing societe - publicado em 1968. A tese dele é que nas sociedades confrontando mudanças rápidas, a procura por serviços públicos cresce mais rapidamente do que a capacidade do governo de satisfazê-la. As instituições governamentais não conseguem acompanhar as aspirações das populações de um futuro melhor, já que eles agora conhecem liberdade e  prosperidade, tendo mais informações via as mídias sociais. Nas palavras de Huntington; “o problema primário é a defasagem de desenvolvimento das instituições políticas atrás da mudança social econômica”. Essa defasagem traz o povo para as ruas e amplifica os protestos contra o alto custo de educação no Chile, a demolição do Parque Taskim Gezi em Istambul, e aumento de 9 centavos na tarifa de ônibus no Brasil. A defasagem identificada por Huntington é a fonte do tumulto popular e instabilidade política. Ela acorda os cidadãos apáticos e força-os a participar, os políticos a escutar e os governos a mudar. Em alguns casos a defasagem impulsiona a sociedade para frente.

As situações de Turquia e Brasil fornecem lições importantes para muitos governos que enfrentam a população que reclamam mais ações de seus líderes. A lição confirma que o diálogo, a inclusão e as respostas sinceras dos governos são melhores do que demagogia e repressão. Nenhum governo seria capaz de satisfazer plenamente todas as expectativas do seu povo. Mas os governos precisam escutar as vozes do povo e oferecer medidas concretas em resposta. Isso significa a construção de uma democracia que vai além de eleições livres e justas.




terça-feira, 16 de julho de 2013

Bad news is good news!

Na quinta-feira passada (11/07/2013), o governo americano divulgou que o número de americanos cadastrados para os benefícios de desemprego aumentou para 360.000. Mas todas as bolsas do mundo subiram em função desta notícia porque o mercado especulou que o FED deve manter os estímulos (QE) por mais tempo. Portanto, bad news is good news.

O S&P 500 subiu seis dias consecutivos, e o Nasdaq index 100 subiu 12 sessões consecutivas. S&P recuperou toda a queda de 5,8%, de 22 de maio a 24 de junho, provocada pela declaração de Bernanke de que o FED poderia restringir a comprar de debêntures (ou diminuir a liquidez) se a economia continuasse melhorando.

Em 11 de julho de 2013, o índice Dow Jones, S&P, Nasdaq - todos bateram recordes históricos. Todas as bolsas européias subiram bem. O Índice MSCI Emerging Markets subiu 3%, Shanghai 3,2%, Hong Kong 2,5%, Seul 2,9%.A Bovespa já devolveu o ganho no dia seguinte. Que decepção!

Devemos rezar para que o nível de desemprego americano continue alto e os estímulos do FED permaneçam por um período longo? O foco do mercado muda com o tempo. Daqui a seis meses ou um ano, o mercado não relacionará desemprego com o estímulo. Serão outros fatores como inflação, taxa de juro, taxa de crescimento, endividamento como percentagem do GDP, taxa de câmbio, etc., de cada país que determinam a oscilação de cada bolsa.

Para quem investe na bolsa brasileira é interessante observar as mudanças que o governo pretende introduzir após o término dos protestos. O povo e os sindicatos querem mais escolas, melhor atendimento nos hospitais, menos gastos públicos e menos números de ministérios. O povo se revolta contra a corrupção e os mensalões (até agora ninguém foi para a cadeia), contra a burocracia e a ineficiência. Embora o governo reconheça como justas as reivindicações, terá coragem para implantar as mudanças? Temos de acabar com o jogo de empurra-empurra das responsabilidades entre o executivo, congresso e judiciário. Senão estaremos perdendo tempo, e nenhuma reforma será concretizada na gestão da Presidenta Dilma, deixando tudo pendurado para depois da próxima eleição. Se o povo não tem paciência para toda a demora com as reformas, vão recomeçar os protestos nas ruas e praças. Com esse círculo vicioso, o Brasil torna-se um país de protesto eterno sem ordem e progresso.


Admito que o cenário acima descrito é demais pessimista. Tomara que isto não aconteça. Estou esperando ver a luz no final do túnel. Esperança é a última a morrer!

terça-feira, 2 de julho de 2013

A perspectiva de término de estímulo do FED americano sobre a economia mundial e do Brasil

O mês de julho, 2013, foi desastroso para as bolsas do mundo e do Brasil. O Federal Reserve tem injetado $ 85 bilhões mensalmente via compra de títulos (quantitative easing – QE) para estimular a economia. Como o programa não pode continuar eternamente, o mundo investidor especula quando o estímulo vai acabar. Ben Bernanke anunciou que enquanto a inflação continuar baixa e o desemprego não cair para o nível de 7% (atualmente está em 7,5%), o estímulo deve continuar. Como o desemprego não cairia meio porcento da noite para o dia, o FED, acompanhando a evolução da economia, poderia diminuir o estímulo de $ 85 bilhões para $ 65 bilhões mensalmente, mexer um pouco na válvula (tapering), mas não fechar a torneira. As opiniões de outros diretores do FED também não são unânimes. Uns querem acabar com o estímulo, visando o perigo da inflação futura; outros querem manter o status-quo, achando que é cedo demais para descontinuar o estímulo.

Neste ambiente, as bolsas americanas e mundiais ficam voláteis e nervosas. Diante da incerteza da política do FED, e a alta de 15% das bolsas americanas no primeiro semestre do ano, os investidores resolveram realizar lucros. Embora a economia do mundo está melhorando (Europa resolveu temporariamente o problema da dívida, e o Japão está saindo da recessão), as bolsas do mundo caíram violentamente na segunda quinzena de junho. Chuvas e trovoadas de repente em dia de sol brilhante.

No Brasil, além da queda do Índice Bovespa de 15,9% (de 56.406 em 24/5 para 47.457 em 28/6) o país sofreu uma desvalorização da moeda de 8,6% (de real = US$ 0.49 para US$ 0.448) no mesmo período. Medida em dólar, os investidores na bolsa brasileira perderam 25,9%, e todos os brasileiros (mesmo não investindo na bolsa) perderam 8,6% de seus ativos (terrenos, casas, móveis, automóveis, etc) e seus ganhos (salários, aposentadorias, juros e poupanças).

Os protestos do povo começaram com o aumento da passagem de ônibus e se arrastaram contra a corrupção burocracia e ineficiência do governo. O povo, pela intuição, sentiu que algo está errado. O governo da Presidenta Dilma tem um plano estratégico para sair deste buraco?


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Remédios com desconto


Recentemente descobri que alguns remédios têm descontos especiais oferecidos pelos laboratórios:

A)    Lípitor 20 mg (prevenção de complicações cardiovasculares) com desconto de 68% (Pfizer)
B)    Crestor 10 mg (redução de colesterol) com desconto de 55% (Astrazeneca)
C)    Janumet 50/850 mg (tratamento de diabetes tipo 2) com desconto de 60% (Merck)

Para obter os descontos diretos dos laboratórios, você deve se cadastrar junto à farmácia (Panvel ou Raia) com os seguintes dados:

1)     carteira de identidade
2)     nome do médico e número do CRM

A farmácia entra em contato com o laboratório pelo computador. Uma vez aprovado, a farmácia fornece o número do cadastro que é exigido para as próximas compras (tanto na Panvel quanto na Raia).


O que eu não entendo é porque tanta complexidade. Um remédio com preço de R$ 100 menos desconto de 60% é igual a R$ 40. Porque os laboratórios não colocam o preço do remédio a R$ 40 diretamente, sem desconto, sem cadastro e sem espera de 15 minutos para processar a venda? Se o laboratório pode vender o remédio a R$ 40 com lucro decente, o preço de R$ 100 é um superfaturamento, um ganho exorbitante para o laboratório.